CENTENÁRIO DE
RODRIGO ALVES MEIRA
 (“SEU TATINHA”)

1908/2008

Homenagem de suas filhas,
genros, netos e bisnetos

Seu Tatinha e o primeiro bisneto Rodrigo

Lembramos com respeito e saudade do nosso querido pai, avô e bisavô, que completaria 100 anos, no último dia 23 de abril 2008, caso ainda estivesse entre nós. Dele, recebemos a sensibilidade que ampliou nosso campo afetivo, nossa compreensão da vida e do amor sem limites.

B  I  O  G  R  A  F  I  A:

“O homem se eterniza naquilo que criou”

Rodrigo Alves Meira nasceu em 23 de abril de 1908, na sede do Município de Livramento de Nossa Senhora, filho de Rodrigo de Souza Meira Júnior e Otília Alves de Souza Meira. Aos cinco anos, mudou-se com a família para a Fazenda Água Comprida local, no hoje município de Dom Basílio, onde permaneceu até a mocidade, da qual recordava com saudade. Gostava de narrar para as filhas e netos os interessantes momentos que lá viveu. Dizia, por exemplo, como estudou, ele e mais 11 irmãos, ao redor de uma mesa grande, orientados pelo pai que era um intelectual, apesar de ter interrompido o curso de Medicina, em São Paulo.

Rodrigo era sempre elogiado pelo pai, por ser o que aprendia com mais facilidade, principalmente aritmética e gramática. O estudo ocorria à noite, à luz de candeeiro, depois de um dia de trabalho cuidando da lavoura e da criação. Nunca freqüentou escola convencional, por não haver na região. De seu pai e mãe também recebeu formação baseada em valores morais, cristãos e éticos, os quais praticou e transmitiu à família que veio a constituir. Rapaz feito, voltou a morar na cidade. Gostava de música e tocava bandolim, cavaquinho e violão, tendo formado com os amigos um grupo musical de chorinhos, valsas e marchinhas, que embalavam os bailes da época.

Com a esposa D. Isabel, na missa das "Bodas de Ouro" e em foto aos 56 anos

Aos 20 anos, foi tentar a vida em São Paulo e deixou esperando a noiva, senhorita Isabel Meira Costa, nascida em Andaraí, nas Lavras Diamantinas, e que acabara de se mudar para Livramento. Em terras paulistas, Rodrigo trabalhou em uma fazenda, onde gozava da confiança de seus donos dos quais se tornou amigo, mas, devido à forte ligação que tinha com os pais e, principalmente, a grande saudade da noiva, acabou retornando à terra natal, onde se casou em 8 de abril de 1931, constituindo com Isabel Costa Meira sua própria família.

O casal gerou 14 filhos, nove homens e cinco mulheres, mas 11 morreram logo ao nascer, devido a complicações nos partos, agravado com a falta de assistência médica, como era comum à época nas pequenas cidades e principalmente na zona rural. Assim é que criou apenas as três filhas: Maria Aparecida, Maria Edir e Maria Teresinha, as quais ele chamava de “minhas três marias”.

 

Residiu também em Bom Jesus dos Meiras, hoje Município de Brumado, onde foi professor leigo, mais precisamente na localidade de Umburanas. Voltando a Livramento, foi comerciante, de 1935 a 1940. Mas não achava que essa era sua vocação, pois sempre sonhou ser professor. Em 1940, foi nomeado tesoureiro-contador interino da Prefeitura Municipal, em substituição ao titular, que se licenciou por três meses. No início de 1941, passou a trabalhar como agente municipal de estatística do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), sendo instalador da unidade, que acabava de ser criada em Livramento pelo Governo Federal, passando a chefe em 1949, onde permaneceu até 1983, aos se aposentar

Em 1949, foi nomeado chefe da Agência de Estatística de Livramento, cargo que exerceu até o dia 4 de julho de 1983, quando se aposentou com 43 anos, três meses e quatro dias de serviço. Na sua vida “ibgeana”, dirigiu os trabalhos de cinco recenseamentos gerais do Brasil, em Livramento, coordenando os trabalhos censitários, oportunidade em que prestou relevantes serviços, com seriedade e competência, também nos Municípios de Rio de Contas, Piatã, Paramirim, Rio do Pires, Água Quente e Dom Basílio.

Fez diversos cursos de capacitação promovidos pela Secretaria Geral do IBGE, sendo diplomado como estatístico provisionado do órgão. Diplomou-se em datilografia pela Escola Datilográfica Cabral Brasil – Rio de Contas, em 26 de dezembro de 1963, após o que transmitia seus conhecimentos a outras pessoas. Gostava muito de estudar, tendo aperfeiçoado seu dom de redigir, através de cursos específicos de gramática, redação e literatura, que fez por correspondência. Tornou-se escritor e escreveu a monografia sobre a história e os aspectos geográficos de Livramento de Nossa Senhora, Bahia,

e a origem das famílias Castro e Meira, tradicionais na região, em livro intitulado “Livramento, sua Origem e suas Famílias”, o qual está sendo revisado para ser publicado postumamente. Escreveu também o conto “No Tapete Verde”.

Como cidadão livramentense, participou ativamente da sociedade local, contribuindo com sua sabedoria, honestidade e dignidade, sem nunca perder a humildade de homem simples. Criou uma escola particular na Associação dos Amigos de Livramento - AAL, registrada na Secretaria da Educação e Cultura do Estado da Bahia, de onde foi o primeiro professor, recebendo o certificado de registro de professores de escolas primárias particulares sob nº. 338, de 3/11/1943. Lecionou nesta escola como voluntário durante 10 anos, alfabetizando e instruindo muitas pessoas, sempre à noite, após a labuta diária. A escola está inativa desde 1979, mas poderá ser reativada a depender do desejo dos associados da AAL.

Ele com as três filhas e três irmãos na comemoração dos seus 80 anos de idade

Sempre integrou a diretoria da AAL, inclusive foi um dos seus presidentes. Participou da criação do Clube de Campo Caiçara, tornando-se seu Sócio Patrimonial. Durante muitos anos, foi tesoureiro da Cooperativa de Educação e Cultura, criada em 21/08/1949, com a finalidade de manter o Ginásio de Livramento, hoje Colégio Estadual João Vilas Boas, a convite do então presidente Mário do Carmo Tanajura, em Ofício datado de 12/05/1952. Professava a religião católica, tendo, com sua esposa, passado para sua família essa fé, ao lado de valores morais e éticos.

A sua descendência é formada pelas filhas Maria Aparecida, viúva de Anfilófio Macedo; Maria Edir, casada com  Zelito Moreira; e  Maria Teresinha, casada com Nobral Lima. E mais os netos Franklin George, Kleyber Luis e Lílian Aparecida (filhos de Maria Aparecida); Bethânia, Breno Konrad e Rodrigo Isaias (filhos de Maria Edir); e Webster Nobral, Christian Rodrigo e Maria Izabel (filhos de Maria Teresinha). E ainda os bisnetos Júlio Rodrigo  e Isis Ayelete (filhos de Franklin); Luma, Jana e Remo (filhos de Kleyber); Felippe (filho de Lílian); João e Maria (filhos de Breno); Suélen, Fernanda e Webster (filhos de Webster); Rodrigo e Pedro (filhos de Christian).

Seu Tatinha ficou viúvo aos 56 anos de casado e faleceu, com 85 anos de idade, dia 31 de outubro de 1993, cercado do conforto e carinho das filhas, genros, netos e bisnetos, em sua residência, adquirida em 1941, na Rua Miguel Tanajura nº. 214, na cidade de Livramento de Nossa Senhora, Bahia.

(Resumo de biografia elaborado pelas filhas Maria Aparecida, Maria Edir e Maria Teresinha).