Artigo – 29.08.2011

O laranja

Por Josemar Silva
silva-josemar@bol.com.br

A laranja é uma fruta cítrica riquíssima em vitamina C, ótima para combater os radicais livres, ou seja, um bom remédio para retardar o envelhecimento.

Fomos acordamos, na última sexta-feira, dia 26, por uma operação policial denominada de “Estocada”. Aparentemente, penso que ela visava dar uma resposta aos últimos acontecimentos de violência que ocorreram em nosso município.

Pois, bem! Durante o dia coletando informações, tanto na mídia como nos relatos das pessoas, fiquei a perguntar mais uma vez: será que a violência é combatida com mais violência? Devemos, de fato, combater as suas causas ou seus efeitos?

É preciso matar mais pessoas e, em especial, vitimas da falta de oportunidades? E falo, principalmente, de uma educação de qualidade, pois, como podemos comprovar, na reportagem dos jornais da ultima quinta-feira, apenas 42% dos alunos que terminam o ensino da 3ª série conseguem somar e subtrair cálculos simples de matemática, o mesmo ocorrendo com a leitura e escrita.

Para mim, que trabalho no setor público há mais de 20 anos, isso é fato consumado. Além disso, essa pesquisa ainda não demonstra a verdadeira face da educação brasileira, de professores mal pagos e pouco preparados para ensinar e educar, sem falar no precário estado físico das escolas, onde alunos semi-analfabetos recebem diplomas de conclusão de cursos, etc.

Tenho certeza que, na dita operação da polícia, todos que foram presos ou atuados e mortos não passam de laranjas, como são denominados no mundo crime. Na verdade, não passam de vitimas desse labirinto chamado exclusão social e educacional que existe no meu país e, em especial, em Livramento.

Essa não é a resposta que eu estava esperando das autoridades competentes, tanto judiciárias como políticas. Gostaria, sim, de ver os cabeças, aqueles que estão levando vantagens com a desgraça de famílias excluídas de educação, saúde e habitação, presos e julgados pelos seus atos.

Portanto, a policia cumpriu ordens superiores, mas o seu trabalho de fato fez mesmo foi espalhar mais pânico, medo e insegurança às pessoas de bem, que pensam numa livramento melhor para as nossas crianças, adultos e idosos.