Artigo – 10.10.2013

Conselhos de Macho Pra Macho

(Parte I) - (Ou: Solidariedade Bolivariana)

Jorge de Piatã (*)

Embora com pouca repercussão, acaba de vazar por efeito de eficaz grampeamento levado a efeito pelo Spybrazil.com, segundo fontes quase fidedignas do Wikileaks, o teor de um telefonema acontecido ainda no primeiro governo Lula, entre o nosso presidente e o presidente Chavez. A divulgação agora do exato teor daquele telefonema traz luzes mais definidas sobre as razões que levaram o nosso chefe do Executivo a ordenar (ou tentar) uma extrema e defenestrativa medida contra um jornalista estrangeiro.

Conta a história recente “desse país” – se não me falha a memória, lá pelos idos de 2004 – que Sua Excelência, o nosso presidente, confundindo então a soberania da pátria com a sua própria, teria tentado bravamente expulsar um jornalista norteamericano que, descaradamente, acabara de divulgar os seus hábitos de consumidor mor da brasileiríssima canjebrina.

Só que, ao contrário da opinião corrente, os conselhos preferenciais do ministro Dirceu não foram os suficientes para a tomada da histórica decisão presidencial. Decisivos, sim, foram os enérgicos conselhos de outro formidável interlocutor, o presidente Chavez. Foram seus argumentos que, com rara sutileza, formataram e constituíram o corolário das fortes razões de Estado que levaram Sua Excelência, o Filho do Brasil (ele bem que preferia ser o Pai do Brasil), a determinar o histórico expurgo do tresloucado fofoqueiro internacional. Que não deu certo, mas, isso não vem tanto ao caso. Vamos, então, ao que interessa, que é a transcrição da parte publicável do histórico telefonema:

Chavez – “Puerra Lula, vais dejar aquel lenguarudo hijo de una ramera hablar mal de tu persona só porque entornas sus merecidos rasga-guelas?”

Lula – “Companhêro presidente é a tal da liberdade de imprensa, né ?...”

Chavez – Estás loco, hombre? Libertad de prensa de quién desacata tus derechos de emborracharte. Afinal son tus derechos presidenciales, sagrados, socialistas e bolivarianos que eston en juego, hombre...! E por lo tanto, la soberania de tu pátria! No seas cagon, hombre, estás tonto?”

Lula – “Só um pouquinho companhêro Chave. É que nestantim acabei de secá mais uma garrafa daquela cachaça porreta que você me mandou... Mas, sabe companhêro Chave, a imprensa cai de pau, né?...”

Chavez – “Né el carajo, hombre, tu no tienes cojones? Só tienes dedos? Es la soberania de tu nación que está en juego, carajo!... Luego uno agente de la prensa marronzista imperialista te hace borrar de miedo! Si fuera acá con nosotros yo mandaria sacar a la mierda esto pasquinero escroto, para enpacotarlo e enviarlo de vuelta a su patrón, el imperialista Obama, com mis cumprimientos! Todo en conformidad con los esinamientos de mi santo padre, que Diós lo tenga, puesto que gracias a el aprendi a ser macho, mui macho!... Tengo que decirte todavia que si continuas asi, tan flojo e cagon, jamás lhegarás siquiera al tercero mandato en seguida...”

Lula – “Bem companhêro comandante Chave ...”

Chavez – “Bién puerra ninguna, carajo! Si tienes cojones no perece! Só sé que estás lheno de dedos, hombre? E mismo que esteas, lembrate que ainda tienes nueve dedos em las patas de arriba... Más el bastante para que dés unos dos ou tres taponos em los abanos daquel pasquinero suversivo de mierda antes de enviarlo para los quintos de los infiernos... E después, para bebemorar el expulsamiento daquel cuerno de uma figa, debes secar las otras nueve botellas de tequila que te envié... Ahora, una para cada dedo! En seguida te mando otra caja con mas dez botellas de otra marca mas fuerte, bién mas fuerte, fuertíssima, en conformidad con nuestros mejores ideales socialistas e bolivarianos...”

Lula – “Me convenceu companhêro Chave. Vou fazê isso indagorinha mesmo... deixa cumigo...”

Chavez – “Arriba, companhero presidente! Ahora tu me dejas mui contento! Mostra que és mui macho, caramba! Saudaciones socialistas e bolivarianas! Tchau! Desligo.”

Telefone – “Tum... tum.... tum...”.

(*) Jorge Soares de Oliveira (Jorge de Piatã), bacharel em Direito (UFBA: 1969), OAB-BA nº 3.401, escritório em Brumado-BA, atuando ainda em Livramento de Nossa Senhora, Rio de Contas, Vitória da Conquista e Salvador.