Targino Machado joga bosta
no ventilador da Assembleia

 (Degravação na integra)

Sr. Presidente, eu acompanho a indignação daquela meia dúzia de dois ou três deputados aqui desta casa que não concordam com essa falta de trabalho, de produção, onde se gasta quase seiscentos milhões de reais, que se dizem que esse é o custo da democracia, que eu sei o Pode Legislativo é o mais importante dos poderes, até porque o primeiro que deu origem aos outros dois. Mas, infelizmente, tá faltando vergonha na cara de suas excelências e a gente tá tendo aqui que chamar gazeteiro, irresponsável de excelência.

Lá na minha terra, eu aprendi a chamar aluno que não cumpria suas obrigações, que faltava a aula, que gazeteava,a gente chamava de vagabundo. Aqui agente chama vagabundo de excelência, nesta casa. É isso que tá acontecendo. Porque é vagabundagem, me desculpe, não existe outro termo pra se aplicar a uma casa, que é o poder de representação do povo da Bahia, e os deputados não vem praqui trabalhar.

Pra que desgraça se candidata a deputado? Pra enganar o povo da Bahia, receber o salário, botar o dinheiro no bolso e cascar fora? E tão rindo, e ficam rindo, me chamando de doido. E eu já disse que essa casa precisa de um doido, pra falar a verdade, e tô eu aqui.

Heim, os nomes? Deputado Marcelo Nilo, que chegou agora, deputado Sargento Isidoro, e Marquinhos Viana, que tão chegando agora, acho que por causa do esporro que eu tô dando aqui agora. E o deputado Gika, que aqui estava, o deputado Ângelo, que aqui estava, o deputado Adolfo Meneses, que aqui já estava, o líder da oposição Luciano Ribeiro que aqui também já estava, o deputado Geilson, e mais ninguém.

Isso é uma escumlhambação. Cadê meu presidente, o presidente da casa. Eu não vi ainda ele aqui, este ano, presidindo a sessão.  Aliás, essa mesa diretora, que são treze, oito.... E o suplente? São nove mais cinco, né? Quatorze! Pior! Acho que repúdio ao treze, né, botaram mais um. Aí, tá chegando outra deputada. Isso é fruto do esporro. Eu vou dar esporro todo dia, pra ver se isso aqui enche.

Isso é uma esculhambação. Agora, tá lá, todo mundo na rádio, deputado Carlos Geilson, dizendo que deputado trabalha, que papel de deputado não é só no plenário não. E onde é? Nos motéis? Nas boates, nos bordeis? Tá parecendo, até porque tem gente aqui, no passado e no presente, aparecendo aqui em dia de votação de cabelinho molhado, penteado, assustado.

Vamos nos respeitar. E quem achar que as palavras que aqui coloquei ferem o decoro, ferem a ética e qual a ética e o decoro que tem esta casa, qual a moral que esta casa tem para apontar o dedo pra ninguém?

É assim que ia melhorar e aprovar mais projetos, daqui até a quarta-feira. Como era o nome da quarta-feira, deputado Luciano Ribeiro? A quarta-feira, né, para aprovar os projetos dos deputados. É... Toda semana tem quarta-feira e não apareceram ainda essas quartas-feiras. Isso é uma exculhambação.

Acaba essa sessão mesmo. Fecha essa Assembleia, bate a porta, apaga a luz, que ninguém vai sentir falta. Quem sente falta é o povo da Bahia, esses seiscentos milhões dava pra fazer um bocado de escolas... [interrompido: acabou o tempo, deputado].

[mas prossegue, mais alto]:  Vossa excelência corta a voz daquele único que tá aqui a protestar, excelência. Pode cortar o som, é problema de vossa excelência. Mais os seiscentos milhões desta casa, que gasta, que joga no ralo, né, que é pior que papel higiênico inservível, usado...

Não, não vou parar, eu quero que vossa excelência tenha o prazer de desligar o som, porque eu não vou cansar. Vou falar, porque isto aqui tá uma merda, isto aqui tá uma droga. Isto aqui virou, esta casa virou bosta n’água. Esta que é a verdade. Toma vergonha na cara, rebanho de vagabundos .