(Livramento de Nossa Senhora – Bahia)
Raimundo Marinho
De várias maneiras, eles chegam!
Possuem um jeito sorrateiro de chegar.
Uma vez a postos, com palavreado bonito,
destruíram nossas matas,
sem nos indenizar.
E NÃO DISSEMOS NADA!
Tomaram a roça de nossos colonos
e a terra antes repartida.
Deram-nas aos oportunistas.
E NÃO DISSEMOS NADA!
Secaram e mataram nossos rios,
outrora de águas cristalinas,
onde, meninos, mergulhávamos.
E NÃO DISSEMOS NADA.
Levaram as praias de areia dos nossos rios,
onde brincávamos e pescávamos piabas.
E NÃO DISSEMOS NADA!
Na verdade, putrefaram nosso Rio Brumado,
que se tornou pantanoso.
E NÃO DISSEMOS NADA!
Lançam veneno em nossos campos,
contaminam animais, hortas, frutas e a água.
E NÃO DIZEMOS NADA!
Transformam em carvão
árvores raras da nossa caatinga,
dizendo trazer o progresso.
E NÃO DIZEMOS NADA!
Dilaceram as serras, rasgando a vegetação,
para roubar o nosso quartzito.
E NÃO DIZEMOS NADA!
Apagam nossa história,
na agonia do desmoronamento
de nossos monumentos.
E NÃO DIZEMOS NADA!
Desvirtuam o sentido de nossos votos,
mentem para nós, roubam nosso dinheiro.
E NÃO DIZEMOS NADA!
Degradam as escolas onde nossas crianças estudam,
debocham de nós.
E NÃO DIZEMOS NADA!
Gastam nosso dinheiro, brincam com nossa saúde,
em hospital de faz de conta.
E NÃO DIZEMOS NADA!
Moramos em ruas escuras, sem calçamento,
esburacadas, cheias de matos e poeirentas.
E NÃO DIZEMOS NADA!
Fecham nossas calçadas,
depositam entulhos em nossas ruas,
não corrigem os erros.
E NÃO DIZEMOS NADA!
Assim como mataram nossos rios,
vão matar a nossa cachoeira.
E o que fazemos nós?
NÃO ESTAMOS DIZENDO, NEM FAZENDO NADA!
Triste, muito triste! E eles se aproveitam,
porque sabem que, na verdade,
o que estamos dizendo
é que NÃO SOMOS NADA!
E o que não é nada
pode acabar se misturando
aos dejetos dos esgotos!
(Clique em http://www.bethynha.com.br/maiko.htm
para ler o poema de Eduardo Alves da Costa,
“No caminho, com Maiakóvski”).
O Clube Calor Humano, que congrega pessoas idosas na cidade de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, vai debutar em 2010. Em 22 de agosto último, completou 14 anos de fundado. A comemoração foi em alto estilo, com bastante animação. Suas festas são marcadas pela alegria e a participação também de crianças e jovens. É comum se encontrar em uma mesma mesa, ou na pista de dança, avós, filhos e netos. É uma oportunidade de reflexão sobre a verdadeira essência da vida e da família.
O evento de 22 de agosto foi aberto pela senhora Rita Viana, com a leitura da “Oração do Idoso”. Em seguida, a 1ª secretária do Clube, D. Lili Spínola, leu o texto “Os idosos são o futuro do Brasil”, da Dra. Lionete Lima, advogada e consultora de direitos da terceira idade. Na mesma oportunidade, a coordenadora e membro do Conselho Municipal do Idoso, Esther Lígia Machado Almeida, leu a significativa mensagem “A Idade de Ser Feliz”.
As boas vindas couberam à presidente do Clube, D. Maria do Carmo Matias, que fez a leitura do texto intitulado “As Bem-Aventuranças dos Idosos”. Todas as mensagens falaram da importância dos que viveram muito, seus exemplos de vida e a contribuição que deram à sociedade. E, principalmente, lembraram que essa fase da vida deve ser aproveitada com toda alegria possível.
E a alegria da festa dos 14 anos foi garantida no baile animado pelo romantismo e a saudade das músicas interpretadas pelo grupo musical Los Morenos. Parabéns ao Calor Humano e seus integrantes!
Assim cantaram os devotos de Nossa Senhora, a padroeira do município de Livramento, na Bahia, ontem, 15 de agosto, dia da assunção de Maria ao céu. A praça D. Hélio Pascoal ficou lotada, durante a concelebração festiva em louvor à santa, presidida pelo bispo diocesano D. Armando Bucciol.
Os festejos começaram, no dia 6, com as novenas e foram marcados por apelos em favor da harmonia e elevação da espiritualidade das famílias; por um viver cristão pleno; pela fraternidade e atenção para com os mais pobres e os doentes; e pela busca constante e confiante de Deus.
Após procissão, houve adoração ao Santíssimo Sacramento |
Em sua homilia, Dom Armando destacou que “Maria, a bendita entre as mulheres, conhece e vive a história dos pequenos e humilhados que Deus ampara e protege. E, a Mulher cheia da graça divina, sabe que o projeto de Deus é de libertação, que ele defende os seus filhos humilhados e derruba os poderosos de seus tronos”.
O bispo lembrou que, no mundo de hoje, os homens estão aprisionados por uma infinidade de mazelas, no viver as fragilidades terrenas, e que a arrogância e a prepotência se alastram pela sociedade. Citou que “com tristeza, a toda noite, assistimos, revoltados e com sentimentos de nojo, a novos escândalos”, e que “o povo humilde e trabalhador, que ganha seu pão com suor de cada dia, se sente traído”.
Sugeriu que os fiéis buscassem inspiração no exemplo de Maria para viver a experiência de Deus, cujo plano prevê proteção e libertação, principalmente para os humilhados e desprotegidos. Alertou para as ameaças que nos rondam, como o crescimento da violência, as drogas, o ciúme, a inveja e a vingança, que chamou de venenos.
Dom Armando disse, ainda, que “venenos também são despejados, sem critério e sem controle, em nossos campos e rios. Em nome de interesses espúrios, ameaçam-se as águas dos nossos preciosos rios, como se fossem um vil pinicão”. Por fim, lembra que Maria, a serva do Senhor, “pede aos seguidores do Filho amado, alegria e esperança, firmeza e coragem, fidelidade e prontidão em servir”.
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Os atos de violência contra Jesus Cristo se constituíram na mais brutal tortura que uma criatura humana já suportou, mesmo para os padrões bárbaros da época. Consta que “dirigiram-se então quatro carrascos à masmorra subterrânea, situada a setenta passos ao norte; Jesus rezava todo o tempo a Deus, pedindo força e paciência e oferecendo-se mais uma vez em sacrifício expiatório, pelos pecados dos inimigos” e “os carrascos arrancaram-nO para fora e, empurrando, batendo e insultando-O, levaram-nO para o suplício”.
“O povo olhava e insultava; os soldados, frios e altivos, mantinham a ordem, dando-se ares de importância; os carrascos, cheios de raiva sanguinária, arrastaram Jesus brutalmente para o largo do suplício. (…) Estavam no lugar do suplício dezoito carrascos; os seis que O tinham açoitado, quatro que O conduziram, dois que suspenderam a extremidade da cruz pelas cordas e seis que O deviam crucificar”.
Assim como muitos aspectos da vida do Cristo, há muitos mistérios sobre o que se passou no Gólgota, onde o Mestre foi imolado. Algumas discussões giram em torno, por exemplo, da posição dos cravos que fixaram Jesus na cruz. Teriam atravessado a palma das mãos ou os pulsos? Qual a posição dos pés, paralelos, sobre um apoio, ou um sobre o outro? O esquerdo sobre o direito ou o contrário? Sobre qual pé ficou sobre o outro, duas imagens (fotos) da Catedral de Nossa Senhora do Livramento, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, ampliam as dúvidas. Em uma, o pé direito está sobre o esquerdo e, em outra, é o esquerdo que está sobre o direito. Parece que o certo seria o esquerdo sobre o direito. Clique aqui para ler texto detalhado sobre o assunto, do qual extraímos os trechos acima reproduzidos entre aspas.
Raimundo Marinho, jornalista
O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB-Ba) fez o que todo mundo que acompanha a política baiana já sabia, rompeu a aliança com o governador Jaques Wagner, após longo tempo alimentando a mídia de expectativas sobre o assunto, como se a estivesse engabelando ou controlando os acontecimentos.
O curioso é que, tido como parvo, até por correligionários, o comportamento do governador Jaques Wagner, diante da dança promovida pelo companheiro, na verdade, foi sábio e, entendemos, saiu vitorioso. Isso porque, doravante, apesar da pífia administração, ele tende a crescer eleitoralmente, comparativamente a Geddel, que já mostrou tudo que tinha, e é insuficiente para a disputa eleitoral.
O dito governo paralelo que lhe é atribuído não sobreviverá sem o apoio de Wagner e perderá ainda mais força com a desincompatibilização do ministério e, conseqüentemente, o fechamento das torneiras financeiras federais. Nesse caso, precisaria de uma estratégia política, em defesa da candidatura isolada, como tende a ser a sua, só com os apoios atuais, capaz de compensar aquelas perdas.
O entusiasmo que contaminou alguns prefeitos tende a se arrefecer. De tal modo que, antes de conseguir colocar os pés no batente do Palácio de Ondina, o ministro, com toda certeza, estará aberto a negociações, nas quais, a avaliar pelas suas intensas movimentações, ele exigirá alta contrapartida. Preço, entretanto, que poderá não passar de uma vice qualquer ou outro cargo de ministro.
Quanto à aspiração de ser governador, é direito seu e faz tudo para sê-lo, no que demonstra muita ousadia e disposição para trabalhar. E será (governador)? Bem, nesse ponto, saímos da simples análise para a futurologia. Ele terá, ainda, de passar por cima, dentre outros, dos cadáveres (eleitorais) do próprio Wagner, que alimenta o anseio da reeleição, e Paulo Souto, que quer voltar ao poder, ambos fortes protagonistas da sucessão.
A aliança, entre Wagner (PT) e Geddel (PMDB), agora rompida com estardalhaço, na verdade, era falsa, e o governador sabia disso. Novela na qual a mídia embarcou, tolamente, sem questionar. A dita aliança teria começado em uma típica história em que o gaiato era o navio, no qual Geddel entrou, em 2006, depois de rejeitado, segundo vozes de bastidores, em outras embarcações, numa delas, conta-se, sob veto do então senador Antônio Carlos Magalhães.
Embora poucos, inclusive na mídia, ousam dizer, Geddel nenhuma influência teve na surpreendente vitória de Jaques Wagner para governador da Bahia, beneficiado com uma conjugação de fatores, que, evidentemente, não incluem o atual ministro. Só explicável se lembrada a frase, na voz rouca do DJ Chocolate, de que “quando o povo quer, não tem jeito!”.
Foi acolhido, pela lógica eleitoral elementar de agregar sempre, dentro do esforço daquele momento que era, pelo menos, chegar ao segundo turno. Em casos que tais, não se olha a muda. E, uma vez vitoriosos, a prudência continuou imperando: um ministério para manter a fera sob controle, até, como acaba de acontecer, ela resolvesse ocupar o lugar do príncipe.
E isso demonstra para a sociedade que, ao invés de democracia, no fundo, vivemos sob a distorção da existência do poder pelo poder. Tudo é criteriosamente planejado e executado para conservação do poder, ótica que, lamentavelmente, orienta os orçamentos públicos, tudo sendo voltado para as eleições.
O máximo que ocorre de única novidade é a alternância, de vez em quando, assim que eventual grupo ocupante do poder perde forças e é derrotado pelos que lhes fazem oposição. Mas os que assumem, adotam as mesmas práticas. Dessa forma, ocorre um abjeto rompimento do contrato social, pelo qual o Estado existe para gerir o interesse coletivo.
Disso resultam todas as mazelas, os crimes de improbidade e o conseqüente desmantelamento das estruturas que deveriam assistir a coletividade: escolas, hospitais, estradas, comunicações, previdência, assistência, emprego etc.
O desenlace da união, que nunca existiu de verdade, entre o PMDB de Geddel Vieira Lima e o governo estadual, na Bahia, capitaneado pelo governador Jaques Wagner, terá desdobramentos que mexem com a estrutura administrativa, uma vez que, por conta da nefasta luta pela manutenção do poder, os cargos públicos são ocupados segundo essa conveniência, por apadrinhados de um e outro lado.
Sendo assim, o dissidente perde tais cargos ao romper a aliança, resultando na solução de continuidade, cujos prejuízos são muitos, mas ninguém liga para isso, uma vez que os dividendos buscados sãos os político-eleitoreiros e não os que beneficiam a população. O objetivo central da luta, e das negociatas que giram em torno dela, é fartar-se, desavergonhadamente, do dinheiro público, por engenhosos meios de desvio.
O município de Livramento de Nossa Senhora, governado por um representante do PMDB, que diverge de outra força política local, mas que também integra a base de apoio do governador, está entre os que certamente sofrerão as conseqüências. O raciocínio lógico manda concluir que, com a ruptura da aliança, os cargos estaduais dominados pelo PMDB local deverão ser devolvidos ou tomados e, por óbvio, redistribuídos.
Na distribuição original, obedeceu-se à proporcionalidade entre as forças políticas locais, avaliadas pela quantidade de votos dados ao então candidato Wagner. A repartição proporcional ocorreu entre quatro partidos: PT, PMDB, PSDB e PC do B. Agora, com a saída do PMDB, a expectativa é que haja uma nova divisão, desta vez, por três, ao invés de quadro: PT, PSDB e PC do B.
Então, emergem especulações e questionamentos. A conclusão mais simplória indica que os cargos, como direção de colégios e chefias diversas, seriam automaticamente retirados do grupo do PMDB. Ou será que o governador petista deixará tudo como está, já que o PMDB, até o momento, apóia a candidatura presidencial de Dilma Rousseff e Wagner teme perder esse apoio, na Bahia?
Se entender assim, estará admitindo a perda dos votos para si mesmo, na eleição estadual, já que iriam para Geddel Vieira Lima, que anunciou candidatura própria. Ou seja, estaria protegendo a cabeça e deixando os pés serem comidos. O presidente Lula já deu a entender que esse é o sacrifício a ser exigido, em todos os estados.
Mas, se optar pela lógica clássica, que é a retomada dos cargos, não haveria para quem entregá-los, pois, entregando à outra facção, apenas se inverteria a situação. Se entregar ao PT, pouco lucrará, pela inexpressividade local da legenda. E, em tese, não poderia entregar ao PSDB, facção oposta, embora tenha como líder o ex-prefeito Emerson Leal, que é da sua equipe de governo (presidente da EBDA - Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola).
Nesse ponto, caso haja a distribuição, dessa forma, é que a situação se inverteria, no tocante à eleição estadual. Ou seja, no município, o PSDB apoiaria Wagner para governador, já que não se fala em candidatura a governador pelo PSDB. Mas a quem apoiaria para presidente, o candidato do partido, José Serra, ou a candidata de Wagner, Dilma Rousseff?
Nasceria uma situação esdrúxula: Emerson Leal, no palanque ou pedindo voto de casa em casa, sendo a favor e ao mesmo tempo contra o seu chefe, Jaques Wagner. Mas, pelo que se ouve, trata-se de situação que poderá ser tolerada, tanto por ambos os lados.
Essa promiscuidade política, difícil até de entender, da qual os eleitores também fazem parte, sem questionar sobre o prejuízo que causa ao bem coletivo, está afligindo os apadrinhados e candidatos aos cargos. Uns pelo temor de perdê-los, outros pela expectativa e esperança de ocupá-los.
Nada mais desumano, nada mais triste, pelo quanto que se sabe é a causa maior da miséria endêmica que subtrai o suprimento das necessidades materiais dos cidadãos e corrói a dignidade humana, neste país.
A crise do mercado da manga, no Pólo Frutícola do Vale do Brumado, abrangendo Livramento de Nossa Senhora e Dom Basílio, sudoeste da Bahia, foi debatida durante o “Workshop: Cadeia Produtiva da Manga e Perspectivas de Mercado”, promovido pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), último dia 11, em Livramento de Nossa Senhora, constando dos painéis: 1) Mercado de manga: produção e qualidade; 2) Monitoramento populacional de moscas-das-frutas: implicações na qualidade e valor da fruta; e 3) Exportações e exigências de mercado.
O tema que polarizou a discussão foi “Mercado Exterior: Conjuntura e Perspectivas”, na palestra do presidente da Associação de Produtores e Exportadores de Manga de Livramento, José Ricardo Assunção Ribeiro. Ele lembrou que o mercado internacional é muito exigente, requerendo qualidade máxima do fruto. Mas acentuou que a principal dificuldade do setor é a sujeição aos intermediários, na comercialização do produto no exterior.
Disse que isso impede o exportador brasileiro de ter o controle dos preços, ou seja, somente depois que a manga é vendida no mercado europeu é que o atravessador informa quanto pagará pelo produto. Esse sistema foi duramente criticado pelos produtores, no seminário, pedindo ações urgentes, públicas e privadas, para dar sustentação ao exportador e promover o produto nacional no exterior.
Ricardo Ribeiro destacou que os custos fixos para colocação do produto no mercado externo pode chegar a 50%, o que, nas condições atuais, em que a quantidade consumida não se altera e há muita produção, o prejuízo é certo. Houve quem sugerisse que fosse feita uma campanha de marketing, apoiada pelo governo brasileiro, envolvendo celebridades nacionais, como jogadores de futebol que atuam na Europa.
Para o presidente da Câmara de Vereadores de Livramento, Ilídio de Castro, pequeno produtor, se fosse mostrado um Kaká, um Ronaldo ou Adriano em comercial mordendo uma manga, as vendas na Europa se multiplicariam da noite para o dia. Ele citou a presença desses famosos nos comerciais de refrigerantes, o que poderia ser feito com o suco de manga, o qual, segundo acredita, os jovens não consomem por falta de incentivo dessa natureza.
O exportador Gutenberg Carneiro disse que o presidente Lula deveria encampar esse marketing, como fez com a cachaça brasileira e a carne, durante churrasco na Avenida Champs Elysées, em Paris, capital da França.
Na palestra, Ricardo Ribeiro mostrou que, em Livramento e Dom Basílio, existem cinco empresas exportadoras de manga (Axé, Refrutal, Catopé, Agrofrutas e Frutex). Em 2006, foram exportadas, via porto de Salvador, 2,2 milhões de caixas, com 4 kg, cada, a 1,3 euros, contra 1,9 milhões, a 1,9 euros, em 2007, e 1,9 milhões, a 1,75 euros, em 2008. Na sua avaliação, esses preços são insatisfatórios e que o mínimo viável seria acima de 2 euros por caixa.
As exigências do mercado externo, segundo Ricardo Ribeiro, já atingem as vendas internas e podem se intensificar ainda mais no futuro e que o melhor meio de vencer tudo isso é a qualidade do produto, que deve ser trabalhada desde a adequada preparação do solo até a colheita. Esta, lembra, só deve ocorrer no ponto certo de maturação, pois colheita precoce, ao afetar a qualidade avilta o peço e ainda gera custos de armazenamento.
Ricardo Ribeiro: a qualidade é essencial na exportação |
O município de Livramento poderá ser o primeiro em todo o Estado da Bahia a ter uma área de baixa prevalência para monitoramento das moscas-das-frutas. Com esse status de sanidade fitossanitária, os produtores terão a chance de agregar novos pólos exportadores de manga. Também foi analisada, durante o workshop, a própria ampliação do pólo frutícola e as duas propostas serão encaminhadas para exame pelo Ministério da Agricultura.
“Essas conquistas vão ampliar a exportação de manga do município de Livramento para novos mercados”, disse o diretor geral da Adab, Cássio Peixoto, ao lembrar que a região é o segundo pólo de produção de frutas do estado, com cerca de 20 mil hectares cultivados, conforme divulgado pela assessoria de comunicação do governo do Estado.
Ele acrescentou que “o ganho é para o produtor, que vai colocar um produto brasileiro de qualidade no mercado internacional, para o consumidor que terá a garantia de uma fruta saudável em sua mesa, e para a Adab, que cumpre com o seu papel de defesa agropecuária na Bahia”.
COMBATE À MOSCA - A Biofábrica Moscamed, uma das parceiras do programa da Adab, desenvolve um trabalho de controle da mosca-da-fruta com o uso da técnica do inseto estéril. Esta técnica visa a liberação de machos estéreis na natureza para promover a estabilização da praga, considerada como principal obstáculo para a fruticultura nacional. A utilização dos insetos estéreis evita a utilização de agrotóxicos e não agride o ambiente. As moscas-das-frutas estão entre as principais pragas da fruticultura mundial, responsáveis por perdas econômicas superiores a US$ 80 milhões por ano.
A deputada estadual Marizete Pereira, esposa do vice-governador da Bahia, Edmundo Pereira, dedicou edição especial do boletim do seu mandato (nº 7, julho de 2009) a Livramento de Nossa Senhora, Bahia, um dos seus redutos eleitorais. Destaca, no título, que “Deputada Marizete trabalha pelo desenvolvimento de Livramento”, registrando, no texto: “O povo de Livramento vem acompanhando a realização de obras na sua cidade. São obras importantes e que já deveriam ter sido feitas”. E acrescenta que muitas dessas realizações chegaram ao município graças ao seu trabalho e empenho, atendendo solicitações do prefeito e vereadores locais.
Na relação apresentada, consta a adutora de Itanajé, que o ministro Geddel Vieira Lima, da Integração Nacional, havia prometido inaugurar em agosto de 2008. Apesar de numericamente insignificantes, há relevância nas obras que a deputada cita, ainda que muitas estejam inconclusas. Mas são de abrangência restrita e pequenas demais, a nosso juízo, para o porte do município de Livramento e sua vocação irreversível de pólo de desenvolvimento regional. Também não se nega que, não obstante a parca agenda, ela é a parlamentar que mais se fez presente no município, nos últimos anos.
O boletim acrescenta que “Muito mais vem por aí, pode acreditar”. Nesse caso, esperamos que venham, por exemplo, uma maternidade e um novo hospital geral; nova estação de tratamento de água; implantação do plano diretor de desenvolvimento urbano; sistema de tráfego completo e de trânsito; adutora de água potável para Vila de Iguatemi; conclusão do projeto de irrigação do DNOCS; calçamento de toda área urbana da sede municipal; revitalização dos rios Brumado e Taquari; transposição Taquari/Vereda; tombamento da cachoeira de Livramento, como patrimônio ambiental; cota máxima do Programa Saúde da Família.
A aparente naturalidade da edição especial do “Boletim” de Marizete, no entanto, não impede de se associar seu conteúdo à tentativa de minimizar o estrago causado por uma mensagem via e-mail, atribuída ao filho do prefeito, Roberto Lucas, em junho último, que alertava o pai: “Cuidado que você pode acabar morrendo abraçado com Marizete e Edmundo”. Referia-se exatamente à insipiente atuação da deputada em favor de Livramento, acrescentando: “por mais que se tente maquiar a realidade, a real preocupação deles é a política de Brumado”.
Feita por quem está dentro da questão, a denúncia foi tão verdadeira que, à época, ninguém ousou contestar e a citada edição especial do tal “Boletim” tem cara de uma sutil resposta, ainda que tardia. Por óbvio, uma contestação mais ostensiva geraria ainda mais constrangimentos. Diz também o texto do e-mail: “Os outros municípios não passam de instrumentos para que eles possam dar prosseguimento à realidade política deles”.
Mais adiante, manda comparar o que o casal faz por Brumado com o que promove nos demais municípios, e indaga: “Cadê a ajuda para o hospital de Livramento? O de Brumado foi ampliado. Cadê a sinalização de transito de Livramento? Em Brumado já tem. Cadê o asfalto em Livramento? Em Brumado já foi feito”. E mais: “O calçamento de Monte Oliveira e os canos pro Tinguí é um nada comparado à ordem dos investimentos realizados em Brumado”. (Acesse http://www.mandacarudaserra.com.br/noticias/2009/alerta_prefeito.html para ler texto completo do e-mail).
No rastro do “Boletim” da deputada Marizete Pereira, que está em plena campanha pré- eleitoral, também foi divulgado, na última semana, com algum atraso, os feitos da administração municipal de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, na gestão 2005/2008, através de panfleto intitulado “O que a União, Trabalho e Participação fez por nossa cidade?”. Soa como resposta aos que fazem a mesma pergunta, afirmando que não fez nada ou fez muito pouco, pois muito é visto por ser feito.
Seja como for, a iniciativa merece boa acolhida, pelo quanto contém de prestação de contas à comunidade, não podendo ser invalidada pela conotação eleitoreira. Dá ao cidadão, eleitor ou não, a oportunidade de poder examinar a extensão do trabalho da administração. É possível, agora, se avaliar o que foi feito, se muito ou pouco, se é verdade ou se é mentira. Principalmente, poderá se medir o que eventualmente faltou ser feito.
As realizações enumeradas no panfleto vão da elaboração do cardápio da alimentação escolar, por uma nutricionista, e aulas gratuitas de violão; até o projeto da adutora de Itanajé, obra do governo federal, sob a gestão municipal, que teve orçamento de quase R$ 4 milhões.
O modo como está relatado não permite boa percepção sobre a grandeza das realizações. Mas há obras que são pontuais no contexto das comunidades onde se inserem, como a ponte do Itapicuru, adutora de Itanajé, ampliação dos benefícios do Bolsa Família, pavimentação do acesso à Rua do Areão e Rua do Fogo, laboratórios de informática em escolas da zona rural, conservação do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), melhoria do posto de saúde da Vila de Iguatemi, praça do Terminal Rodoviário, etc.
O relato, entretanto, excede em generalizações e imprecisões, como “todos os prédios” (quantos?); “distribuição de grandes quantidades de materiais” (quanto?); “construção de várias salas de aula” (quantas?); “realizações de cursos profissionalizantes” (quais?); e uso de siglas desconhecidas da população: “Programa EJA”, “recursos do IGD”, “Programa BPC” etc.
Faltou, principalmente, informar o total dos recursos gastos e ou investidos, discriminando as participações municipal, estadual e federal. No período, a Prefeitura teve uma arrecadação de, aproximadamente, R$ 100 milhões, afora os projetos pagos diretamente ou via repasses, pelos governos estadual e federal.
Há que se ponderar, ainda, que, como pungente centro agrícola e comercial em que se tornou, Livramento de Nossa Senhora requer, urgentemente, obras de maior porte e melhor planejadas, notadamente no âmbito da infra-estrutura. Podem ser iniciadas com a recuperação e embelezamento da sede municipal, com destaque para as áreas de expansão, onde falta o básico, como calçamento, esgotamento sanitário e água encanada.
Quem sabe elas não venham constar de futuro relatório da “Humanização, Dedicação e Compromisso”, eleita para o quadriênio 2009/2012. Talvez Deus permita!
E o povo levantou os braços, ergueu a voz e deixou o coração falar! Rezou e cantou, com muita alegria e demonstrando sua fé, durante o novenário, sob a coordenação geral dos padres Ednaldo e Aparecido, da paróquia local. Hoje, foi o ponto alto da já tradicional festa católica em louvor ao Bom Jesus do Taquari, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia. A celebração eucarística foi presidida pelo bispo Dom Armando Bucciol, da diocese local.
Em sua homilia, o bispo alertou que “não é suficiente dizer: eu amo o Bom Jesus, eu sou católico e acredito no Senhor Bom Jesus”. É preciso algo mais “em nossa vida de cristãos”, como seguir os ensinamentos deixados por Jesus, com palavras e pelo exemplo. Chamou a atenção para o que a voz do alto, lá na montanha santa, conclamou: “Escutem o que ele diz”, referindo-se a Jesus Cristo.
Dom Armando desejou, ainda, que “todos consigam, mais uma vez, sentir a presença delicada e amorosa do Bom Jesus em suas vidas”, salientando, por outro lado, que “acolher e honrar o Bom Jesus significa imitá-lo”. Nesse sentido, revelou que “Jesus tinha uma disponibilidade especial para acolher as pessoas. Não só os bons ou os que se achavam bons, mas também os pecadores, os mal-falados, os excluídos” e que “Tinha uma atenção especial para com os mais pobres e marginalizados, para com os fracos, os sem voz nem vez”.
Durante os festejos do Bom Jesus do Taquari, a animação e alegria dos cantos ficaram a cargo do grupo Ministério de Música, do qual participam os cantores Valéria, Ananda Luiza, Celeste Dias, Tiago Santos, Alane Ramos, Cláudia, Caroline Costa e Davi Mesquita. Vozes abençoadas por Deus. Este ano teve a participação especial de Alan Cruz, atualmente morando em Brasília.
Surgiu boato de que os dejetos dos esgotos de Rio de Contas já estavam sendo escoados para o Rio Brumado, através do novo sistema em implantação naquela cidade. Não é verdade, pelo menos até o último dia 29 de julho, conforme verificou O Mandacaru. Mas se nada for feito, é somente uma questão de tempo, talvez antes do final deste ano.
Pela disposição da Embasa em insistir nessa aberração, apoiada por autoridades inconseqüentes, só uma decisão judicial para barrar o infame propósito. A representante local do Ministério Público recebeu duas representações contra, mas não consta que tenha se manifestado. Independente disso, qualquer pessoa ou grupo poderá mover ação popular, na Justiça, contra esse crime ambiental.
Há indícios suficientes de descaso da Embasa em relação aos moradores de Livramento de Nossa Senhora e Dom Basílio. Não divulgou qualquer estudo de impacto ambiental nem eventuais autorizações dos órgãos ambientais, liberando o despejo na forma prevista; e não realizou, antes, como seria exigido, qualquer contato com as populações em risco.
E, pior ainda, não respondeu ao questionamento feito, inclusive através da mídia, sobre o motivo do desvio do despejo da Cachoeira do Fraga, já que garante que os dejetos serão tratados e não prejudica nem o banho. E, como argumenta o prefeito de Livramento, se as quedas d’água funcionam como purificadores, por que não se começou do Fraga, para aumentar a segurança?
Situação vergonhosa foi a camuflagem da Embasa, no Fraga, para tentar esconder o tubo de esgoto, que agredia e ainda agride a paisagem, no ponto turístico mais visitado da região. O tubo foi coberto com pedra e cimento. Onde isso não pode ser feito, devido à altura, o cano foi pintado de verde, para ser confundido com a vegetação.
O despropósito foi tão grande que há trechos da tubulação que só foram cobertos na parte que o visitante poderia enxergar, como mostram as fotos. E mais, usou pedras de uma histórica “cerca de pedra” existente na área, já incorporada ao patrimônio ambiental do lugar, sendo parcialmente destruída (veja fotos). Se não autorizaram, os donos poderão pedir reparação, inclusive em juízo.
O assunto continua a repercutir, inclusive entre pessoas e a mídia de outras regiões.
Quem tiver dúvida sobre os estragos que os dejetos vão causar no Rio Brumado e na Cachoeira de Livramento, visite o sistema semelhante que a Embasa implantou em Sauipe, litoral norte da Bahia. A população acreditou nas promessas e hoje amarga e luta para combater os problemas surgidos.
Duas recentes entrevistas das “páginas amarelas” da revista Veja são de leitura obrigatória. Uma com o ex-senador e atual governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (15.07.2009) e outra com a escritora Xinran Xue (22.07.2009). Não têm nada a ver entre si, mas podem ser consideradas emblemáticas.
Sob o título “Ele deu a volta por cima”, Veja lembra que, “depois de amargar uma imensa rejeição provocada por medidas de austeridade, o governador do Distrito Federal diz que é possível ser popular sem ceder às tentações do populismo”. Há oito anos, Arruda foi ao fundo do poço, ao ser flagrado no escândalo da quebra do sigilo do painel de votações do Senado. Renunciou ao mandato e sua recuperação começou em 2002, elegendo-se deputado federal.
Da sua entrevista, destacamos os seguintes trechos:
É possível governar sem fisiologismo? É quase impossível. O fisiologismo está entranhado de uma maneira tal na cultura política brasileira que, hoje, a única diferença entre um governante e outro é o limite de tolerância e flexibilidade em relação a essa prática. É hipocrisia não reconhecer que todos os governos, literalmente todos, praticam certa dose de fisiologismo.
E qual é o seu limite? É o limite ético. É não dar mesada, não permitir corrupção endêmica, institucionalizada. Sei que existe corrupção no meu governo, mas sempre que eu descubro há punição. Não dá para entregar um setor de atividade do governo para que um grupo político cuide dele por interesses empresariais escusos. Se peço a um parlamentar eleito para me ajudar a administrar sua base eleitoral, isso é política. Mas se entrego a esse parlamentar a empresa de energia elétrica, isso não é aceitável. Quando me pedem algo assim, eu aproveito que tenho cara de bobo e finjo que não entendo. Alguns passam para a oposição, mas a maioria continua me apoiando entre aspas e esperando o primeiro momento para me pegar na curva. O problema é que se você entrar nesse jogo não consegue sair mais.
O senhor é do partido que mais faz oposição ao governo federal, mas acaba de fazer um agrado ao presidente Lula, isentando-o de responsabilidade pelo fisiologismo... Os que são eleitos para administrar precisam de maturidade e civilidade para pôr os interesses públicos acima das diferenças partidárias. Brasília é a capital do país. Eu sou hospedeiro dos poderes da República. O povo escolheu Lula presidente. E o povo daqui me escolheu governador. Trabalhar em harmonia, com respeito e independência é fundamental para que o interesse público prevaleça. Eu procurei ter essa postura e encontrei no presidente a mesma vontade. Em dois anos e meio como governador, todos os pleitos que levei ao governo federal foram atendidos dentro da lei. Então, não vejo nenhuma razão para ter desavenças com o governo federal.
Lula tem defeitos? Tem como o Getúlio tinha. No caso de Getúlio, uma vertente autoritária. No caso do presidente Lula, ele tem uma tendência de simplificar problemas complexos em vez de dar soluções estruturais, definitivas. Por exemplo: ele prefere gastar dinheiro com a máquina pública a fazer investimentos que alavanquem a economia. Um exemplo concreto e politicamente incorreto: no momento em que ele opta por ter mais recursos no Bolsa Família do que na educação, mais recursos no assistencialismo do que na infraestrutura, ele ganha votos no curto prazo, mas distancia o país de uma economia competitiva.
O bolsa família, que o senhor citou, está em qual dos exemplos? Nos dois. O Bolsa Família atende e escraviza. Aqui em Brasília há pessoas que se dispõem a fazer um serviço doméstico, mas não aceitam ter a carteira assinada para não perder o benefício. E, infelizmente, há um grande número de pessoas que se acomodam, deixam de trabalhar e vivem escravizados pelo benefício. Hoje os políticos têm medo de falar em contrapartida, em portas de saída, porque serão tratados como inimigos do Bolsa Família. Não apenas os beneficiários ficam escravos do assistencialismo, mas a classe política também.
O senhor sucedeu a Joaquim Roriz no governo do Distrito Federal, político famoso pelo clientelismo e envolvido em escândalos. Qual foi a herança que o senhor recebeu? Quando assumi, vi que apenas o pagamento das contas consumia todo o orçamento, não sobrava um tostão para investir. Fiz uma reengenharia do estado. Cortei o número de secretarias de quarenta para vinte, demiti 23.000 servidores públicos contratados sem concurso, retirei as vans piratas das ruas e acabei com as invasões. Também passei a gastar menos, paguei as dívidas e já no segundo ano retomei a capacidade de contrair novos empréstimos e de investir com recursos próprios. Hoje há 1.750 obras na cidade. A média da população, que viu o esforço de contenção de gastos e vê o retorno agora, está feliz. Mas a pessoa que perdeu seu emprego não vai enxergar isso porque o interesse pessoal dele está acima do interesse público.
No Brasil, não é um risco um político adotar essa linha dura nas questões urbanas? A política de ordenamento urbano e de gestão responsável da máquina pública contraria muitos interesses. Em meu primeiro ano de governo, cheguei a ter 58% de rejeição. Com o tempo, isso foi se invertendo. Hoje já tenho uma posição mais confortável, mas muito distante do que eu teria se simplesmente fosse o populista clássico e não contrariasse os interesses de ninguém. É muito fácil no Brasil governar sem contrariar nenhum interesse. Você não constrói nada novo, mas todo mundo te ama.
Com o título “Vocês não entendem a China”, Veja introduz a entrevista dizendo que “A escritora que criou um programa de rádio para mostrar os problemas das mulheres chinesas diz que o mundo critica seu país sem levar em conta suas raízes culturais”. Veja trechos:
“(...) Não existe liberdade de religião na China, não existe liberdade de expressão, não existe liberdade de imprensa. Nosso sistema jurídico está longe de ser independente e os direitos individuais mais básicos são desrespeitados. Mas não se pode esquecer que a China perdeu 100 anos por causa da guerra civil e do ideário comunista. Não podemos simplificar a história. Quando vemos uma árvore cujas folhas estão machucadas e cujos galhos estão doentes, não bata dizer: vamos limpar as folhas e os galhos. É preciso lembrar que essa árvore tem raízes, ainda que não possamos vê-las. É preciso tempo para que as coisas mudem”.
A senhora quer dizer que é cedo demais para que a democracia chegue à China? Vou repetir uma lição que recebi de uma camponesa de Hunan, região onde nasceu Mao Tsé-tung. Entrevistei-a em 1995, quando já era jornalista, achava que sabia tudo, mas na verdade era ainda muito ingênua. A mulher trabalhava num campo de arroz. Perguntei a ela o que escolheria se eu lhe oferecesse três coisas: liberdade e democracia; marido e filhos; ou terra e dinheiro. Ela me olhou como quem diz: “Ah, você está tentando me enganar!”. Respondeu que terra e dinheiro pertencem aos homens, não às mulheres. Sobre marido e filhos, disse: “Marido é quem manda em tudo e os filhos são a minha rotina”, querendo dizer que aquilo ela já tinha. Então, perguntou: “Mas quanto é a garrafa de liberdade?”. Eu fiquei atônita: “Como assim?”. Ela repetiu: “Quando custa essa garrafa de óleo que você quer vender?”. Foi aí que eu entendi: em chinês, a pronúncia da palavra óleo (you) é muito parecida com a de liberdade (ziyou). Ela achou que eu estava querendo lhe vender óleo.
Quando ela entendeu que a senhora se referia a liberdade, o que achou da oferta? Mas ela não entendia essa palavra! Eu tive de explicar-lhe o que era e o fiz da forma que considerei mais simples. Disse algo como: “Bem, liberdade é você ter o direito de contrariar o seu marido quando você acha que ele faz algo errado. Liberdade é você ter o direito de dizer: ‘Eu quero algo para mim, não para o meu marido ou para os meus filhos – um vestido bonito, uma comida gostosa ou um dia de descanso’”. Achei que, colocando desse modo, ela fosse entender. Em vez disso, olhou para mim e respondeu: “Que mulher tola você é! Isso não existe”. Eu falei sobre liberdade, que é uma palavra muito mais fácil. Imagine se eu tivesse falado sobre democracia...
Há uma crise no mercado da manga que está preocupando os produtores do Pólo Frutícola do Vale do Brumado, que abrange os municípios de Livramento de Nossa Senhora e Dom Basílio, no sudoeste da Bahia. Dois dos motivos são o ataque constante das pragas e o aviltamento dos preços, este provocado pelo excesso de produção. É a segunda maior área de produção de frutas do Estado da Bahia, com cerca de 20 mil hectares cultivados.
Para discutir a questão, a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB) promoverá, no próximo dia 11 deste mês, das 8h às 18h, o “Workshop Cadeia Produtiva da Manga e Perspectivas de Mercado”, que terá lugar na Câmara de Vereadores de Livramento. O seminário constará dos painéis: 1) Mercado de manga produção e qualidade; 2) Monitoramento populacional de moscas-das-frutas: implicações na qualidade e valor da fruta; e 3) Exportações e exigências de mercado.
A campanha “Produtor Rural, Limpe o Campo” conseguiu recolher, dias 21 e 22 de julho de 2009, um total de 22.730 embalagens de agrotóxicos descartadas, das quais 19.244 em Livramento de Nossa Senhora e 2.486 em Dom Basílio, que, em conseqüência, deixaram de poluir o meio-ambiente. Como muitas delas são descartadas com resíduos de veneno, o recolhimento também reduz os riscos para a saúde da população e dos animais.
Mas apenas 327 produtores atenderam ao apelo, levando os vasilhames aos locais de recolhimento, ou seja, bem menos da metade de usuários existentes nos dois municípios. Mesmo assim, a campanha foi considerada um sucesso pela Associação dos Revendedores de Produtos Agrotóxicos do Sudoeste, que promoveu o evento.
Os beneficiários, além do meio-ambiente, são os próprios produtores, suas famílias, trabalhadores e consumidores, pois os resíduos de veneno que as embalagens levam para a natureza representam grave risco para a saúde humana, principalmente no médio e longo prazo.