> Página Política - Atualizada em 29.08.2007

> Leia e-mails recebidos pelo “O Mandacaru”

 

25.08.2007 – Abastecimento

A volta aos tempos do chafariz

Prefeitura já abriu canaleta para implantar tubulação da água para o velho chafariz de Bem Posta

Os moradores dos povoados de Barbosa, Bem Posta e Cruz de Almas, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, tiveram uma idéia brilhante. Com apoio do governo estadual, através da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional – CAR, órgão da Secretaria do Planejamento, construíram, em 2004, reservatórios com capacidade para 40 mil litros de água, no Morro do Pelado, e implantaram um sistema de distribuição para uso doméstico, canalizado para as residências, sob controle de hidrômetros. Devido a desentendimentos entre eles, a maravilha só funcionou por cerca de um ano, pois os moradores de Barbosa e Cruz de Almas, que ficavam antes, passaram a desviar a água para irrigação, deixando os de Bem Posta sem o líquido e apenas com as despesas, hoje acumulada em cerca de R$2.700,00, só de energia. Além disso, a água se tornou imprestável, devido ao alto índice de salinidade.

Antes desse projeto, em Bem Posta já havia um chafariz, no centro do povoado, perto do prédio escolar, suprido pela água captada em um poço artesiano, perfurado pela antiga CERB, ainda no governo de João Durval Carneiro, há quase 30 anos. Diante do impasse e da falta de consenso para sanar os problemas das três comunidades, a Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Bem Posta resolveu reativar, em 2006, o antigo poço, canalizando sua água para o sistema já existente em 82 residências do povoado, restaurando a maravilha que as três comunidades não conseguiram preservar, novamente com projeto da CAR. O uso da água continuou sendo exclusivamente doméstico e todas as casas beneficiadas mantiveram os hidrômetros.

As regras de uso da água incluem proibição de irrigação e limitam o consumo residencial a 200 litros diários ou 6.000 litros mensais, tidos como mais que suficientes. O projeto contou com total apoio da Prefeitura Municipal, já no governo de Carlos Roberto Souto Batista, que se responsabilizou pelas despesas da energia elétrica que move o sistema de bombeamento da água. Pelo contrato que firmou com a CAR, a Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Bem Posta, entre outras obrigações, ficou responsável por "operar e manter em prefeitas condições de utilização o projeto"; "elaborar as normas de utilização dos equipamentos" e "assegurar o gerenciamento do projeto implantado de forma a garantir o acesso e utilização de todos os membros da comunidade".

Prefeito atropela Associação

Mas, como parece ser da gênese humana, nessa pequena comunidade também surgiram os mesmos desentendimentos verificados naquelas três localidades da idéia original (Barbosa, Bem Posta e Cruz de Almas), antes unidas. Segundo o presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Bem Posta, Noberto Ferreira Pessoa, um grupo de nove famílias, atiçadas por Bráulio Vitor Ernesto da Silva e Clemente Izaias de Souza, está impedindo que a comunidade use a água, desviando o líquido para irrigação e quebrando equipamentos de controle, como relógios e cadeados de proteção, além de não pagarem as taxas devidas pelos moradores. Acrescenta que, dentro desse grupo, há pessoas que abusam da água e chegam a utilizar entre 30 mil e 37 mil litros por mês, quando o limite é de 6.000.

Segundo Noberto Pessoa, os protestos e ponderações da Associação e das mais de 70 famílias restantes não surtiram efeito e a entidade decidiu ingressar em juízo com ação para que os predadores sejam obrigados a respeitar as regras de utilização da água. Em 17 de agosto último, acrescenta, a Associação promoveu uma reunião dos moradores à qual compareceu o prefeito Carlos Batista, que muito se empenhou para acalmar os ânimos e serenar os conflitos, tendo ele mesmo feito as anotações dos passos da reunião e providências sugeridas. Segundo Pessoa, o prefeito determinou a imediata remoção do registro com o qual a minoria bloqueava a água, impedindo-a de chegar à maioria das residências, ficando acordado que, dali em diante, a calmaria voltava, com o respeito às regras de utilização da água.

Entretanto, segundo Noberto Pessoa, no dia 21 de agosto, a Associação dos Produtores foi surpreendida com uma ordem do prefeito para cortar o fornecimento de água às residências, implantado pela CAR, mandando que o fornecimento voltasse a ser pelo antigo chafariz. Para muitas famílias, isso exigirá caminhada de quatro a cinco quilômetros, o que, segundo o presidente da entidade, será particularmente penoso para pessoas idosas, como Jardalino Bittencourt, que tem uma filha e uma neta deficientes; e Dominga Oliveira Pires, 70 anos, que está desesperada e revoltada, pois tem duas filhas também deficientes. Noberto indaga ainda se o prefeito poderia fazer isso, uma vez que a responsável pelo sistema é a Associação dos Produtores, conforme contrato com a CAR, empresa pública da Secretaria do Planejamento do Governo Estadual. Disse também que não entende como o prefeito, num dia, pacifica a comunidade, apoiando decisões corretas, e, em outro, nega o que apoiou e age de forma arbitrária.


Casas têm hidrômetro para controle dfsgfd....sfgDominga: 70 anos e filhas deficientes
.para controle.

Jardelino Bittencourt, filha e neta deficientes.........................Noberto: prefeito não cumpriu acordo

____________________________________________________________

 

25.08.2007 – Homenagem

Sessão especial “Dia do Maçon”

Os membros da Família Maçon de Livramento lotaram as galerias da Câmara Municipal

A Mesa da Sessão Especial foi dirigida pelo presidente da Câmara, Marilho Machado Matias

“Maçonaria é uma instituição filosófica, filantrópica, educativa e progressista. Proclama a prevalência do espírito sobre a matéria. Pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade. Seus fins supremos são: a LIBERDADE, a IGUALDADE e a FRATERNIDADE”.

Com esta definição, o médico e maçon Marilton Tanajura Matias introduziu a palestra que fez, dia 20 de agosto, na sessão especial que a Câmara de Vereadores de Livramento dedicou ao “Dia do Maçon”, a que estiveram presentes, além de integrantes da Loja Maçônica local, representativas figuras da sociedade livramentense e diversas autoridades, entre elas o prefeito municipal, Dr. Carlos Roberto Souto Batista, acompanhado da primeira dama, D. Suzete Spinola Souto.

O termo “maçon” é de origem francesa e vem, provavelmente, da expressão maçonnerie, que significa uma construção qualquer, feita por um pedreiro, que, por essa razão, era chamado de “maçon”. Na época, essa atividade possuía muitas limitações, circunscrita a determinados espaços, mas os “maçons” eram os “pedreiros-livres”, os grandes construtores dos grandes templos, dominavam a arte da construção. Em razão disso, circulavam livremente.

Dois modelos dos trajes sagrados e solenes utilizados pelos integrantes da Maçonaria

Desfazendo mitos

 O Dr. Marilton Tanajura desfez alguns dos mitos em torno da maçonaria, pela falta de informações sobre seu significado e seus objetivos. Segundo ele, a entidade “proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um. Defende a plena liberdade de expressão do pensamento, como direito fundamental do ser humano, admitida a correlata responsabilidade. Reconhece o trabalho como um dever social; julga-o dignificante e nobre sob qualquer de suas formas: manual, intelectual ou técnica”.

A maçonaria surgiu antes de Cristo, firmando-se, entretanto, a partir da Idade Média. No Brasil, aparece em 1787, com a Loja Cavaleiros da Luz, criada na povoação da Barra, em Salvador, Bahia. Em 1800/1801 foi criada a Loja União, no Rio de Janeiro. Depois, em Niterói (1812) e Recife (1816). Aqui neste região da Bahia, a primeira loja foi em Caetité, da qual derivou a de Paramirim (1967), seguida de Livramento (1981).

As surpresas, durante a palestra, ficaram por conta dos requisitos para ingresso na Maçonaria, cuja idade mínima é de 21 anos, além de plena capacidade civil, idoneidade ilibada e prover o próprio sustento e da família. Não é permitido o acesso de pessoas do sexo feminino. Essa restrição quanto ao sexo, conforme explicou o palestrante, vem da origem da entidade, quando à mulher não era reconhecida a capacidade civil. Apesar da evolução dos tempos, de as leis constitucionais terem igualado homens e mulheres em direitos, esse item restritivo dos requisitos maçônicos foi conservado.

O veto às mulheres vem sendo minimizado com a criação de lojas maçônicas só de mulheres e de clubes, como a da fraternidade, em Livramento, onde também será criado o Clube de Jó, a ser integrado por garotas entre 10 e 20 anos.  Mas, maçon mesmo somente os homens podem ser e são chamados de “tios”. As mulheres são consideradas “cunhadas” e os jovens homens integram a “Ordem DeMolay”, os “sobrinhos”, onde são preparados para “uma vida pura e varonil”.

Não é sociedade secreta

Foi citado que vultos da história do Brasil eram maçons, como D. Pedro I, que teria contado com o respaldo da entidade para bradar o grito da Independência. Aliás, conforme citado por Marilton Tanajura, na palestra, a Independência, na verdade, foi proclamada por Gonçalves Ledo, numa loja maçônica do Rio de Janeiro, dia 20 de agosto de 1822, tornada pública no Riacho do Ipiranga, dia 7 de setembro, em São Paulo. D. Pedro teria gritado “Independência ou Morte” porque tinha retaguarda política da Maçonaria.
  
Marilton Matias explicou também que a maçonaria não é uma sociedade secreta e que esse é mais um mito criado em torno da Ordem, devido à época em que necessitou se proteger das muitas perseguições que sofreu. Mas hoje é aberta como qualquer outra organização social. O prefeito Carlos Batista, que também é da Ordem, disse que para ser maçon é preciso “ser livre e de bons costumes” e que a maçonaria se fez ou se faz presentes em momentos e muitas situações importantes, como Revolução Francesa; médicos sem fronteiras; Inconfidência Mineira; libertação dos escravos; proclamação da República; e eleição de Tancredo Neves.

Lembrou nomes da primeira geração da Maçonaria em Livramento, como Cid Pina Meira e Antônio Hipólito Rodrigues, aos quais foram acrescentados, pelo vereador Ricardo Matias, June Rego, Zio Machado e Rubens Chaves. Foram ainda citadas, por Gilton Hipólito, ao lembrar de quando ia com o pai para a Loja de Caetité, outros fundadores, como Celso Soares Oliveira e Carlos Spínola. O vereador Ricardo Matias não perdeu a oportunidade de cutucar o prefeito, ao manifestar o desejo de que os princípios da maçonaria, como a tolerância e a paciência de Jó, fossem aplicados na administração, pelos que estão à frente do município.

No comando da sessão especial, esteve o presidente da Câmara, Marilho Machado Matias, também venerável presidente da Loja Maçônica de Livramento de Nossa Senhora. Ele agradeceu aos seus companheiros vereadores, pelo apoio na aprovação do requerimento para a sessão comemorativa; e aos integrantes da ordem, deixando como mensagem de encerramento do ato: “que nós pais tenhamos cuidados com a formação de nossos filhos”.

__________________________________________________________

 

25.08.2007 – Formatura

Unopar forma 8 em Livramento

Momento em que a primeira turma de formandos da Unopar/Livramento fazia o juramento

Maria Terezinha, oradora da turma, e  paraninfo Flavio Machado, saudando os afilhados

Euclides Batista, gerente do Bradesco; Jordânia Silva; Mara Rúbia, professora do Colégio Probo; Maria Terezinha, professora aposentada e ex-diretora do Colégio Boaventura; Mario Souza, da Asamil; Melise Castro, da Clínica Santa Rita; Poliana Bonfim, servidora municipal; e Webster Lima, professor e comerciante, acabam de inscrever seus nomes na história do município e da Universidade Norte do Paraná – Unopar, como integrantes da primeira turma do curso de Administração, pelo ensino superior à distância, daquela instituição. A formatura, em ato solene, ocorreu dia 17 de agosto, no Clube de Campo Caiçara, constante de duas partes, uma transmitida, via TV a cabo, diretamente do Paraná, seguida da sessão local, dentro das formalidade de gala.

Um evento bonito, marcado pela alegria entusiasmante dos formandos, sendo presidido pelo professor Francisco Manoel Pereira, representando a magnífica reitora da Unopar, senhora Elizabet Bueno Laffranchi. A mesa foi composta, ainda, pelo prefeito de Livramento, Dr. Carlos Roberto Souto Batista, acompanhado da primeira dama, D. Suzete Spínola Souto; do paraninfo da turma, Flávio Alex Ramos Machado; do patrono Raimundo Marinho dos Santos; e do amigo da turma, Rafael Messias Tanajura Lessa.

O juramento, repetido por todos os formandos, foi lido pelo formando Euclides Batista Filho; e a oradora foi a professora Maria Terezinha Meira Lima, que destacou a alegria da conquista alcançada e do quanto o curso concluído vai influenciar a vida dos novos administradores. Em breves mensagens, os formandos foram saudados pelos paraninfo, patrono, amigo da turma e prefeito municipal, todos se congratulando com os novos bacharéis, desejando-lhes sucesso e destacando a importância da vitória por eles obtida. O pronunciamento mais longo foi o do jornalista e patrono da turma Raimundo Marinho dos Santos, que vai reproduzido na coluna “Artigo”, desta edição. Clique aqui para ler.

Os agradecimentos

Os concluintes, embalados pela emoção da presença e aplausos de familiares e amigos, se revezaram na leitura das mensagens de agradecimento reproduzidas no belo convite que distribuíram:

A Deus – “Neste momento de vitória, queremos compartilhar contigo essa alegria que exulta em nossos corações”.

Melise Silva: aos pais

 

Aos pais – “Vocês são o nosso alicerce, o nosso porto seguro, o nosso exemplo de dignidade e, sem vocês, jamais teríamos chegado até aqui”.

Melise Silva

 

 

 

Aos pais ausentes – “Hoje, especialmente, a saudade é mais intensa, mas a lembrança de sua voz amiga, de seu sorriso, de seu abraço forte, representa o amor que jamais apagaremos do nosso coração”.

Mario Souza

 

 

Aos que amamos – “Pedimos desculpas se, por muitas vezes, estivemos com pensamentos distantes, estando presentes somente em corpo, preocupados com nosso futuro, procurando alcançar algum objetivo que talvez não estivesse claro naqueles momentos”.

Mara Rubia

 

 

 

 

Aos amigos e colegas – “As pessoas esquecerão do que você disse... As pessoas esquecerão do que você fez... Mas as pessoas nunca esquecerão do que você as fez sentir”.

Webster Lima

 

 

Aos mestres – “Temos orgulho em dizer que fomos ensinados por pessoas que são exemplo de dedicação e competência”.

Jordânia Silva

 

 

 

Aos funcionários – “Queremos agradecer a vocês, amigos, que juntos conosco, durante essa longa trajetória, contribuíram e facilitaram a realização de nosso sonho”.

Poliana Souza

Clique aqui para ver mais fotos.

 

________________________________________________________

 

25.08.2007 – Enxadristas

Estudantes vencem torneio de xadrez

Os campeões da olimpiada conquistense: Abel Nascimento, Renato Luz, Darlan Rodrigues e Jean Monteiro

A equipe dos estudantes Jean Monteiro, Renato Luz, Abel Nascimento e Darlan Rodriguez, representando o Colégio Estadual “João Vilas Boas” e também a cidade de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, ficou em 1º lugar na classificação geral da III Olimpíada Estudantil Conquistense de Xadrez, dia 18 de agosto último, em Vitória da Conquista. É a segunda vez que participam da competição e, no ano passado, chegaram ao 4º lugar na classificação geral. Segundo os enxadristas, o prêmio é de grande importância para o xadrez de Livramento, que dá os primeiros passos para se consolidar neste esporte-ciência.

O torneio teve participação de aproximadamente 40 escolas da cidade de Vitória da Conquista e circunvizinhas. Em muitas delas, inclusive, o Xadrez é disciplina obrigatória do currículo, o que as tornou referências do xadrez na Bahia. Os alunos enxadristas livramentense afirmam que receberam apoio da Prefeitura Municipal de Livramento, para custeio de passagens; do Clube Livramentense de Xadrez (CLX) e de particulares, o que possibilitou a participação na competição de Vitória da Conquista.

Eles consideram que foi dado um grande passo para que o xadrez seja visto como uma
atividade que contribui para o desenvolvimento do raciocínio lógico, o exercício da concentração, da capacidade de antecipação e da busca de soluções para problemas que envolvem o cotidiano do aluno.

O torneio de xadrez reuniu dezenas de estudantes de Vitória da Conquista e outras cidades do Sudoeste 

 

____________________________________________________________

 

 

18.08.2007 – Denúncia

Prefeitura destrói
roças no DNOCS
e reabre estradas

A Prefeitura, sempre lenta na solução de problemas, foi ágil na hora de destruir o milharal dos assentados

No último dia 14 deste, pela manhã, prepostos da Prefeitura de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, tendo à frente o Sr. Paulo Trindade, acompanhado de policiais militares, derrubaram cercas e destruíram lavouras de feijão, milho, abóbora, andu, aipim e coentro, causando prejuízos estimados em mais de R$15 mil, em lotes do Bloco II do perímetro irrigado Vale do Brumado, pertencentes à União, onde se encontram assentadas 11 famílias de trabalhadores rurais do movimento dos sem terra, próximo ao povoado de Barrinha.

O pretexto teria sido a reabertura, à força, sem mandado judicial, de antigas passagens que já haviam sido desviadas pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca – DNOCS, quando da desapropriação da área e sua transformação em perímetro irrigado. Com a demora da ocupação, os lotes continuaram sendo utilizados como caminhos, até que foram efetivamente irrigados e cultivados pelos assentados, gerando insatisfação e queixas entre os que vinham utilizando os caminhos, considerados não mais existentes, após o projeto do DNOCS, que criou outras vias de circulação.   

A denúncia é do presidente da Associação do Assentamento do Perímetro Irrigado do Brumado Bloco II, Valdir Sampaio dos Santos, o “Valdir da Barrinha”, afirmando que a ordem para a ação, que qualificou de truculenta e ilegal, partiu do próprio prefeito Carlos Roberto Souto Batista. Acrescenta que fez registro policial da ocorrência (BO nº. 650/2007), onde declara que o funcionário da prefeitura de nome Paulo Trindade, chegou com dois policiais militares, sem ordem judicial, e, usando retro escavadeira, caçamba e patrol, destruiu roças de feijão, milho e abóbora, em dois lotes, pondo abaixo tudo que havia pela frente, inclusive cercas e ameaçou voltar para acabar com o resto.

O clima no povoado de Barrinha, segundo Valdir Sampaio, é de revolta e a população está sem entender como o prefeito pôde mandar invadir um espaço que não se encontra sob sua administração, pois pertence à União, e destruir as roças de pobres trabalhadores rurais. Salienta que o primeiro trecho invadido, uns 300 metros, atravessa os lotes 49 e 50, onde estão assentadas três famílias, e o segundo corta os lotes 69, 70, 71, 72 e 74, de aproximados 700 metros, com oito famílias assentadas. Esclarece que o DNOCS construiu vias de circulação, em substituição aos antigos caminhos, mas a Prefeitura resolveu, por conta própria, abrir as antigas estradas, ao invés de limpar as vias previstas no projeto de irrigação.

Parte dessa plantação de feijão, no lote do DNOCS, ainda nascendo, foi levada pelas máquinas municipais

 

O que diz a Prefeitura

O editor do “O Mandacaru” solicitou a manifestação da Prefeitura, via e-mail, com o seguinte texto, endereçado ao chefe de Gabinete, Lafaiete Nunes Dourado:

Recebi denúncia, segundo a qual, o Prefeito Municipal teria ordenado a invasão de lotes irrigados do Bloco II do Perímetro Vale do Brumado, nas proximidades do povoado de Barrinha, área pertencente à União, por decreto desapropriatório, sendo que o objetivo da Prefeitura seria reabrir antigas estradas que, antes da desapropriação, existiam no local. 

Os queixosos citam que a ação foi comandada pelo secretário do Transportes, Sr. Paulo Trindade, que se fez acompanhar de policiais e levou para o local máquinas pesadas, como patrol, escavadeiras, caçambas etc. Que foram destruídas cercas e lavouras, causando prejuízos que poderão atingir R$15 mil reais, considerado muito para as 8 famílias atingidas.

Acusam o prefeito, também, de ter rompido um acordo que teria pacificado a questão, sem prejudicar ninguém, através de desvios e aproveitamento das vias de circulação abertas pelo DNOCS, quando da implantação dos lotes.

Que a ação, testemunhada por pelo menos oito pessoas, não se respaldou em qualquer ordem formal, administrativa ou judicial.  

 

Foi enviada a seguinte resposta:

Caro Raimundo Marinho.

Resposta à solicitação de informações:

Ao que nos consta a denúncia é infundada e vazia, porque embora a área pertença ao DNOCS, existem, no local, invasões não autorizadas pelo Órgão, entre as quais existem dois lotes de terra que obstruíram uma estrada municipal de mais de cem anos, a Estrada Real do Cavaco, que interliga essa comunidade a D. Basílio, Belo Sítio, Alto do Rosário, etc... Sendo utilizada diariamente por centenas de pessoas.
A prefeitura desafia a quem quer que seja a apresentar documentação, comprovando o citado “acordo”, envolvendo Prefeitura, DNOCS, ou qualquer outro órgão, para respaldar essa ocupação irregular.

 

NÃO EXISTE NENHUM ACORDO FIRMADO.

O Dr. Paulo César, funcionário de carreira do DNOCS, Chefe da Unidade de Campo da Bacia de Contas é enfático em dizer que não houve, por parte do DNOCS, nenhum acordo, que envolvesse o fechamento e/ou obstrução de estradas vicinais do município, tendo, no dia de hoje, entregue pessoalmente uma declaração que anexamos a esta resposta. O município usou o poder de Polícia Administrativa que possui, de fato e de direito, e, de forma pacífica, o Sr. Paulo Trindade cumpriu uma determinação do Prefeito Municipal.

Os dois cidadãos, diretamente envolvidos, talvez sejam os menos culpados pelo fato ocorrido, tendo sido manipulados pelo Sr. Valdir, com segundas intenções, no desenrolar deste episódio. O município já tomou as medidas necessárias para a manutenção do direito dos moradores do Cavaco e região transitarem, como o fazem há mais de cem anos pelo traçado original da estrada.

A atual administração não tem intenção de prejudicar nenhum cidadão no pleno uso de seus direitos, porem “O DIREITO DE UM ACABA ONDE COMEÇA O DIREITO DO OUTRO”.

Enfim houve, no local, uma diligência por prepostos da prefeitura, cumprindo ato administrativo do Prefeito, sem o menor vestígio de violência a quem quer que seja. É sabido que o Poder Público dispõe do chamado poder de polícia administrativo para garantir o cumprimento de seus atos. Trata-se, no caso, de estrada pública municipal, portanto, um bem público, de uso comum de todos e não de apenas 3 (três) ou 4 (quatro) cidadãos, os quais ilegal e egoisticamente, pretendem usurpar direitos de toda uma coletividade. Aliás, o município, para tutela de um bem público, não tinha outra alternativa, a não ser usar, administrativamente, do mencionado poder de polícia e, em seguida, ajuizar uma ação de manutenção de posse, perante o Judiciário, desaguadouro natural para solução do caso.

Atenciosamente;

Lafaiete Nunes Dourado
Chefe de Gabinete do Prefeito.

 

Nota do Editor: Como a área pertence à União, somente ela tem legitimidade para atos sobre a mesma. Quanto à posse, esta está, por enquanto, com os assentados. Solicitado a dizer se a competência seria do DNOCS ou da Prefeitura para pacificar a questão, o coordenador local do órgão federal, Paulo César, fugiu dos esclarecimentos e nem mesmo soube dizer se as antigas estradas teriam subsistido após a desapropriação e indenização da área e sua transformação em perímetro irrigado. No mapa do Bloco II, entretanto, os indicativos de vias de circulação entre os lotes não coincidem com os locais abertos à força pela Prefeitura, destruindo as lavouras, nem se percebem sinais de continuidade das antigas estradas.

 

Os prepostos da Prefeitura de Livramento cortaram as cercas de arame e deixaram as roças "no aberto"

Assentados querem reparos

O presidente da Associação dos Assentados, Valdir da Barrinha, distribuiu o seguinte documento, redigido em nome das famílias consideradas atingidas pela ação municipal:

Nós, familiares do Movimento Sem Terra do Bloco II. Com muito sacrifício e com apoio de Dr. Júnior, ex-coordenador estadual do DNOCS, conseguimos o direito de terra para 230 famílias, para tirar o sustento de seus filhos, em um projeto de no mínimo 5ha. Não recebemos o kit de irrigação, tivemos que fazer cercas, desmatando o lote e até refazer o canalzinho que leva água até as terras, mesmo sem condições financeiras para isso. Fizemos, através de mutirão. Mesmo assim, gastamos cerca de R$12.000,00 a R$13.000,00. Pedimos ajuda e apoio ao prefeito, mas ele não deu, pedimos uma caçamba de areia ou até mesmo dez reais como ajuda e isto também foi negado.

Sofremos, houve muita humilhação, até hoje. Não temos acesso aos bancos, com das tantas linhas de crédito que existem, principalmente para o Sem Terra. Tudo isso por falta de documento e apoio de nossos governantes, que de quatro em quatro anos vão a nossas casas. Aproveitam da simplicidade das mais humildes famílias e dos menos informados, compram seus votos a troco de saquinhos de cal, cimento, cesta básica, farinha, de dez reais ou até mesmo os dez reais para se alegrarem. Depois que estão na Prefeitura, se acham donos do mundo. Ai, voltam, não para agradecer o voto e nem fazer alguma coisa por eles, mas sim para massacrar, pisar e humilhar, como se tivesse voltando a ditadura, como foi feito hoje, dia 14.08.07, às 9h do dia.

 Sem mandado da Justiça, sem dar satisfação nenhuma, não tomou conhecimento de nada, como se estivesse tratando de um bando de marginal, bandido, baderneiros, de ignorantes, foram fazendo um arrastão, dando um mau exemplo. Nosso trabalho, durante quatro anos e meio, foi realizado pacificamente, respeitando todos os direitos do próximo, foi um trabalho persistente, mas com honestidade. Enquanto o secretário de transporte da Prefeitura, o Sr. Paulo Trindade, com um despreparo total, acompanhado de três policiais militares, que nada tinham a ver, segundo eles mesmos disseram, estavam cumprindo ordem. Com uma retro escavadeira, uma patrol, duas caçambas da Prefeitura, foi chegando e destruindo tudo que se encontravam pela frente, cerca de arame, lavoura de milho, feijão, abóbora, mandioca, andu, coentro, ainda fazendo ameaças, gozando com a cara dos mais humildes pais de família, dizendo que ficassem quietos. Por enquanto “estamos fazendo isto”, que iria dar um tempo, depois, quando voltassem, o que ainda existisse pela frente passaria por cima de tudo.

O que nós queremos agora é que o município assuma seu ato de vandalismo, ao destruir uma área produtiva, que gera renda ao município. Foi dado um mau exemplo à sociedade livramentense e exigimos, agora, indenização do prefeito, por danos materiais e morais. Pedimos também ao nosso governador ou até mesmo ao presidente que tomem conhecimento da nossa situação. 

Clique aqui e veja mais fotos do local destruído.

_____________________________________________________________

 

Devotos de Nossa Senhora do Livramento lotaram a praça D. Hélio Pascoal, na missa da Padroeira

16.08.2007 – Festa da Padroeira

Testemunhar sem medo

A comunidade católica de Livramento de Nossa Senhora deu mais uma demonstração de fé em sua padroeira, Nossa Senhora do Livramento, no dia que lhe é consagrado, da sua Assunção, 15 de agosto. Foram 10 dias de festas, todos muito concorridos, incluindo o novenário, iniciado em 6 de agosto, até culminar na missa campal, celebrada em frente à Catedral, pelo bispo diocesano, D. Armando Bucciol, auxiliado por padres das diversas paróquias que integram a diocese. O bispo se encontrava na Itália, onde acompanhava familiares doentes e retornou a tempo de presidir o encerramento dos atos em louvor à Santa.

Os temas do novenário deram ênfase à necessidade do cristão se aproximar mais de Jesus Cristo, através da sua mãe Maria Santíssima, e traduzir as manifestações de fé em ações práticas, no dia-a-dia, de modo a melhorar suas vidas e as das pessoas com quem convivem quotidianamente. Da busca do conhecimento de como foi a verdadeira vida de Jesus, seguindo seus ensinamentos e imitando seu exemplo de amor e de entrega à Deus e à missão que lhe foi confiada na Terra. Foi muito lembrado, também, que o católico deve participar do gerenciamento da pregação evangélica, colaborando com os custos da manutenção e funcionamento da Igreja, especialmente através da adesão à doação dizimista.

Na sua homilia, D. Armando afirmou que “Maria, antes de tudo, é para nós presença materna, suave e doce, que nos mostra a ternura de Deus que ela contempla no jeito do Filho. (...) Maria é nosso consolo e esperança. Ela sustenta a esperança dos pequenos, dos pobres. Nos diz, mais uma vez: coragem”. Disse que “Nossa Igreja para ser fiel a si mesma, não pode ser uma Igreja fechada, mas missionária, aberta ao anúncio e ao testemunho da fé, sem medo (...)”. E é certo que os que buscam e se firmam nessa filiação à mãe de Jesus devem continuar dando demonstrações práticas disso, que devem combater as mazelas do mundo. Que não devem ter medo.

Clique aqui para ver mais fotos da festa.

Clique aqui para ler o texto integral da homilia.

A tradicional celebração em louvor a Nossa Senhora do Livramento atraiu uma multidão de fiéis

____________________________________________________________________________

 

09.08.2007 Mineradora

Livramento perde receita de mineração milionária

Prefeitura se omite e extração de quartzitos não gera receita para Livramento de Nossa Senhora

O quartzito se tornou uma rocha cobiçada e altamente valorizada, cada vez mais demandada pela moderna construção civil, usada para montagem de bancadas, pisos, batentes, soleiras, revestimentos e decoração, principalmente no mercado internacional. Os tipos mais procurados são o verde, o amarelo e o vermelho, muito comuns no município de Livramento de Nossa Senhora, na Bahia, que possui jazidas com potencial para mais de 200 anos de exploração, segundo garantiu um empresário que atua na região, podendo resultar em negócios bilionários. O processo industrial atualmente ainda é considerado tímido, mas já permite estimar que a atividade mineradora local, envolvendo não apenas a extração de rochas de quartzitos, mas também a de argila, com a conseqüente fabricação de telhas e tijolos, esteja gerando recursos superiores a R$30 milhões por ano. Os cálculos são baseados em dados fornecidos pelos próprios mineradores, que não têm o menor interesse em divulgar os números reais, até porque há suspeitas de subfaturamento e de comércio clandestino das rochas, o que estaria gerando evasão tributária.  

A extração ainda se apresenta de forma amadora, irregular e sem fiscalização, ao sabor dos empresários interessados, mas, de qualquer modo, essa riqueza nacional está sendo levada sem obediência às exigências legais, havendo indícios de falta da correspondente contrapartida fiscal. Pelo Código de Minas (Decreto-lei 1.985/1940 e Decreto-lei 227/1967), o minerador é obrigado a recolher à União de 2%, para minérios de extração difícil, a 3%, para os mais fáceis, que é a chamada “Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais - CFEM”, calculada sobre o valor da comercialização e recolhidos à União. As prefeituras onde se localizam as jazidas têm direito a 65% do total recolhido, donde se conclui que, baseando-se apenas nos números que os próprios exploradores fornecem, Livramento teria uma receita anual entre R$390.000,00 e R$585.000,00, nada desprezível para um município sem receitas próprias e com 88% da sua população vivendo na pobreza e indigência, conforme dados do IBGE.

 

Denúncia de irregularidades

Atuam na extração de quartzitos em Livramento a Xangô Mineração Ltda. e a Intergran Indústria e Comércio de Granitos Ltda. A primeira a chegar foi a Xangô, de Hércules de Almeida Hermely, natural de Cachoeiro do Itapemirim (ES), estado onde os produtos são faturados e provável beneficiário de todos os impostos.  Em 2003/2004, Hércules Hermely sucedeu a empresa Imefe Granitos, segundo ele, pertencente a um italiano de prenome Giusep e ao brasileiro Paulo do Espírito Santo, de Goiás, que extraia a rocha na Fazenda Marinheira, localizada na Serra das Almas, povoado de Itaguaçu. Especialista na área, onde diz atuar há 22 anos, Hércules Hermely percebeu logo o grande potencial mineral do município e procurou expandir a atividade, atraindo como sócio o sr. Sílvio Romero Tinoco Lazaroni. Considera-se pioneiro, dizendo que quebrou padrões mundiais de extração de quartzitos, ao tirar um bloco com 9,72m³, em Barra da Estiva, na Bahia, contra média que era da Índia, de apenas 1,05m³. Chamou a atenção na “Feira Internacional de Mármore e Granito” de Cachoeiro do Itapemirim (ES), em agosto de 1993.

Conta que, em novembro de 2005, o sócio Sílvio Lazaroni lhe apresentou três pessoas interessadas no empreendimento, os empresários cariocas Paulo Lacerda de Morais, Walter Lacerda de Morais e Norberto Fernandez, quando criaram uma filial da Intergran em Livramento de Nossa Senhora, ocasião em que cedeu à nova empresa 60% dos alvarás de autorização para minerar, já aprovados, em nome da Xangô Mineração Ltda., na condição de que a nova sociedade assumisse o passivo da sua empresa, de R$1.238.500,00, além de injetar no novo empreendimento R$300.000,00 em capital de giro e mais R$1.200.000,00 de investimentos em máquinas e equipamentos. Assegura que se tratava de excelente negócio, uma vez que os alvarás transferidos correspondiam a jazidas com potencial de faturamento por ele estimado entre R$5 milhões e R$6 milhões.

 

Não autorizou uso da licença

Os alvarás, no caso, são uma espécie de cotas societárias, correspondentes às jazidas a explorar, ficando 60% com os três novos sócios; 20% com Sílvio Lazaroni; e 20% com Eliete Silva Reis Hermely, esposa de Hércules Hermely, que se manteve na Xangô, juntamente com Lazaroni. Segundo Hércules, a transferência foi oficializada, junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, em janeiro de 2006, mas, segundo denuncia, os sócios da Intergran não cumpriram a contrapartida do acordo, levando-o a requerer o afastamento da sócia Eliete, sua esposa, com pedido de prestação de contas, ainda pendente de solução. Ao se desentender com os parceiros, Hércules Hermely resolveu acusar a Intergran de operar irregularmente no município de Livramento, de não quitar as dívidas assumidas e de não cumprir o que havia prometido aos empregados da Xangô, quando da transferência das jazidas, mesmo não se tratando de sucessão empresarial.

O empresário Hércules Hermely disse que a Intergran se apropriou de documentos da Xangô, inclusive a licença ambiental para minerar em Itaguaçu, fornecida pelo Centro de Recursos Ambientais – CRA, da Bahia, mediante Portaria nº. 7022, de 9 de junho de 2006, com a qual a Intergran, segundo ele, teria obtido indevidamente a “Guia de Utilização” nº. 038/2006, junto ao 7º Distrito do Departamento Nacional de Produção Mineral (Bahia). Depois que o acordo foi quebrado, ele denunciou o fato ao DNPM, ao CRA e ao Ministério Público, dizendo que “jamais autorizou o uso da sua licença ambiental e que a Intergran não tem nenhum tipo de licença do CRA em seu nome e a guia de utilização nº. 038/2006 está viciada”. Em paralelo, solicitou o cancelamento da autorização que lhe pertencia. Vale registrar que a licença da Xangô é de 2006, mas muito antes, acredita-se que desde 2002, já havia extração da rocha no local, sem autorização do DNPM e sem a licença do CRA.  

 

Potencial para 200 anos

Ainda segundo o industrial Hércules Hermely, as jazidas de quartzitos de Livramento têm uma vida útil para mais de 200 anos e envolve milhões de dólares, o que começou a despertar a cobiça de muita gente importante, cujos nomes ele evita citar. Mas garante que há envolvimento político na questão, afirmando, por exemplo, que um dos seus ex-parceiros, Paulo Lacerda de Morais tem ligações pessoais com o governador do Rio de Janeiro e com o Partido Verde. Acrescenta que o preço médio do metro cúbico de quartzito pode chegar a 1.200 dólares e que a produção atual gira em torno de 600 metros cúbicos por mês.

Hércules Hermely: agora em confronto com
os ex-parceiros

Além de inadimplência contratual, que inclui falta de prestação de contas, ele acusa os ex-parceiros também de não pagar encargos trabalhistas, não regularizar a situação dos empregados; de atribuir à empresa despesas alheia às suas atividades; de contratar policiais civis como segurança dos seus diretores e das jazidas. Sobre essa contratação e a existência de uma empresa particular de propriedade dos policiais, ele informa e exibe comprovante que formalizou denúncia, em 18 de junho de 2007, junto à Ouvidoria Geral do Estado e da Secretaria da Segurança Pública. E conclui dizendo que vai demandar judicialmente contra sua concorrente.

A Intergran também foi denunciada no Ministério Público por José Ricardo Palomo Tanajura e Cláudio Palomo Tanajura, filhos de José Meira Tanajura, proprietário da Fazenda Lagoa do Gregório e Pau Pombo, povoado de Itaguaçu, em Livramento de Nossa Senhora, onde a empresa extrai quartzitos. Em documento ao promotor Moisés Anderson Costa Rodrigues da Silva, os dois afirmam que a empresa está explorando a rocha denominada Red Xangô sem a licença do CRA e sem anuência dos donos da terra. Negam qualquer relação contratual com a empresa e que esta emite notas fiscais com endereço diverso da localização da jazida.

Diante das denúncias, o Departamento Nacional de Produção Mineral, 7º Distrito, mandou inspecionar as jazidas e constatou que, de fato, a Intergran não tinha a “Licença Ambiental” do Centro de Recursos Ambientais - CRA, e ordenou a paralisação das operações, conforme “Auto de Paralisação nº. 01/2007/AMV”, firmado pelo técnico de pré-nome Adiel, dando um prazo de 10 dias para regularização, a partir de 27 de julho de 2007.

 

O que diz a Intergran

“O Mandacaru” procurou a filial da Intergran, em Livramento, e o repórter foi orientado a contatar o advogado José Raimundo da Silva, com escritório em Vitória da Conquista, Bahia, que falaria em nome da empresa. Atencioso e receptivo, José Raimundo confirmou a determinação do DNPM, ressalvando, porém, que a interdição ocorreu apenas porque, no momento da inspeção, os prepostos da mineradora não portavam o documento comprobatório da licença ambiental, originariamente emitida em nome de Hércules Hermely, assegurando que essa licença também fora objeto de transferência para a Intergran, conforme processo nº. 2007-001905/JUR/TLA-007, que, segundo acrescenta, se encontra em fase final de tramitação no CRA.

Disse também que a empresa estava operando com base na “Guia de Utilização nº. 038/2006”, com vigência até 21 de setembro de 2007, a mesma que Hércules Hermely disse se encontrar viciada, que diz: “Pela presente guia de utilização, fica o titular do alvará autorizado a dispor, mediante recolhimento da compensação financeira pela exploração de recursos minarias – CFEM, da quantidade máxima da substância mineral acima, liberada para alienação comercial (venda, transferência, consumo, transformação, etc) dentro do prazo de validade fixado. A expedição de nova guia de utilização somente poderá ser pleiteada, mediante a apresentação desta guia, devidamente preenchida, juntamente com a comprovação do recolhimento da CFEM e da taxa anual por hectare. A autorização dessa guia de utilização não está vinculada à aprovação eventual do relatório final de pesquisa. O início dos trabalhos de extração da substância mineral contemplada nesta guia, fica condicionado à emissão da licença ambiental pelo órgão competente e da efetivação do acordo com o proprietário do solo”. (A substância mineral referida é o quartzito e a quantidade é de 5.000 m³).

Como visto, a empresa possui uma “Guia de Utilização”, a que acima foi referida e o teor transcrito, em que a emissão, pelo DNPM, dependia de uma licença, cuja transferência, segundo os esclarecimentos prestados, está efetivada, em definitivo, mas ainda falta a impressão do documento final, portanto, inapta a produzir efeitos.  Trata-se, no caso, da licença emitida pela Portaria nº. 7.022, de 9 de junho de 2006, ainda em nome de Hércules Hermely.

Sobre o acordo que Hércules Hermely disse ter sido quebrado, o advogado da Intergran disse não ser do seu conhecimento e que, se de fato existir na forma explanada pelo denunciante, deve este abrir demanda judicial para dirimir as divergências apontadas. Também não quis se pronunciar sobre a notificação que confirmou ter recebido do promotor de Justiça, preferindo aguardar o desdobramento do processo. A respeito da denúncia dos filhos do dono da propriedade onde se encontram as jazidas de Itaguaçu, disse que, no seu entendimento, não há necessidade de um novo acordo, valendo o que foi firmado com os cessionários antecedentes, justificando que houve anuência tácita do proprietário ao receber royalities da Intergran, inclusive até o último movimento fiscal, de 14 de junho de 2007.

Quanto à denúncia de apropriação indevida de documentos da Xangô, pela Intergran, José Raimundo disse que é improcedente, que não houve acesso a tais documentos e que todos os documentos para transferência dos alvarás de pesquisa foram assinados por Hércules Hermely. Nega também que tenha havido compromisso da Intergran em absorver empregados da Xangô e que sua cliente não estaria obrigada a isso, uma vez que não houve sucessão empresarial, apenas cessão de alvarás de pesquisa. Do mesmo modo, considerou desnecessário comentar sobre a contratação de policiais civis como seguranças dos diretores da Intergran, em Livramento, bem como sobre a existência de influências políticas em suas atividades, considerando absolutamente normal os vínculos de parentesco e de amizade do sócio da Intergran, Paulo Morais, citados por Hércules Hermely.

 

O que diz a Prefeitura

Sobre o assunto, enviamos, via e-mail, os seguintes questionamentos ao Gabinete do Prefeito de Livramento de Nossa Senhora e obtivemos as seguintes respostas:

Pergunta: Houve parceria da Prefeitura com a Xangô Mineração, para que esta custeasse as seguintes obras? E se houve, qual foi a forma de contrato firmado:

- Melhorias da estrada de acesso ao povoado de Canabrava, que teria custado R$35 mil.

- Melhorias da estrada entre a sede do distrito de Itanajé e a localidade de Angu, 8km, que teria

  custado R$ 70 mil.

- Limpeza do canal que aduz água para a Lagoa da Várzea de Dentro.

Resposta da Prefeitura: Em janeiro de 2005 a prefeitura efetuou melhorias na estrada de Canabrava para a festa de são Gonçalo. O proprietário da Xangô Mineração ofereceu espontaneamente uma pocan (máquina de grande porte) solicitando o combustível para a mesma. Todas as outras maquinas (patrol, retroescavadeira, caçambas), foram da Prefeitura. O custo da obra foi o gasto com o combustível e pessoal sob a administração direta da prefeitura. Na estrada do Angu não houve parceria com a Xangô Mineração. A limpeza do Canal da Várzea de Dentro foi feito pela retroescavadeira da prefeitura conforme solicitação por ofício do Presidente da Sociedade de Água de Livramento, o Sr. Marcelo Ribeiro.    

(Nota da redação: as informações e os valores foram passados pelo dono da Xangô, Hércules Hermely).

Pergunta: As mineradoras Xangô e Intergran possuem alvarás da Prefeitura para extrair rochas ou qualquer outro minério no município? Se positivo, elas apresentaram as respectivas autorizações e licenças do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral e do Centro de Recursos Ambientais da Bahia?

Resposta da Prefeitura: Atendendo a Legislação específica a Prefeitura tempos atrás forneceu uma certidão a Xangô e não a INTERGRAN, mas a prefeitura não tem competência para fornecer alvará e sim os órgãos competentes. Temos cópia do CRA e do DNPM.

(Nota da Redação: Como beneficiárias do resultado fiscal da mineração e para preservação do meio ambiente, a legislação permite que as Prefeituras acompanhem e fiscalizem, sim, as atividades das empresas mineradores).

Pergunta: Pelo Código de Mineração, as mineradoras devem recolher à União de 2% a 3% de imposto sobre a nota de venda dos produtos extraídos, além do ICMS. Dessa arrecadação para a União, os Estados têm direito a 23% e as prefeituras onde se localizam as jazidas têm direito a 65%. Quanto a Prefeitura de Livramento já recebeu desse imposto, do ano de 2002 para cá?

Resposta da Prefeitura: No caso específico de Livramento o valor do imposto sobre o quartzito é de 2% sobre a base de cálculo e o município não é competente para cobrança e fiscalização do CFEM – Contribuição Financeira sobre Extração de Recursos Minerais, Imposto Federal. O imposto é repassado para a prefeitura pelo Governo Federal. Estamos solicitando os valores repassados ao município desde 2002 conforme nos foi perguntado.

Pergunta: O metro cúbico de quartzito chega a ser comercializado até por 1.000 dólares e estima-se que as mineradoras locais extraem em média 600 metros cúbicos por mês ou 7.200 metros cúbicos por ano. Ao preço de 1.000 dólares por metro, são 7,2 milhões de dólares por ano, ou seja, em torno de 13,6 milhões de reais. Pelo índice maior de imposto, 3%, seriam 408 mil reais, dos quais a Prefeitura receberia 65%, isto é, 265,2 mil reais. Os números de produção e preços acima são dos próprios empresários do setor, havendo a suspeita de que podem ser bem maiores. Como a Prefeitura vem acompanhando e fiscalizando essas operações, para não ser lesada no imposto? O Prefeito considera relevante “brigar” por esses 265,2 mil reais por ano?

Resposta da Prefeitura: O Senhor tem razão quanto ao valor dos blocos por m³ (metro cúbico) para exportação, embora só parte da produção seja para exportação.

Não podemos precisar a quantidade de m³ extraídos. A família do Sr. Nino Tanajura controla totalmente todo o mineral extraído. Pelos valores repassados pelo Governo Federal a extração não atinge os números declarados por Vossa Senhoria. Toda e qualquer receita que o município tem direito é de interesse também recuperá-las.

(Nota da Redação: os números citados pelo “O Mandacaru” baseiam-se em informações dos próprios mineradores).

Pergunta: Consta que os sócios da Intergran, que residem no Rio de Janeiro, circulam por Livramento com escolta pessoal armada e, inclusive, utiliza-se de policiais civis da Delegacia local, que está a serviço do município. A Prefeitura foi notificada sobre disso?

Resposta da Prefeitura: Não é do nosso conhecimento, procure os proprietários da INTERGRAN para esclarecimentos.

 

Sobre as cerâmicas

Sobre as solicitações abaixo, feitas na mesma data, sobre as cerâmicas, o chefe do gabinete do prefeito respondeu que “as informações sobre as cerâmicas só me foram passadas agora, estaremos providenciando as respostas para a próxima edição”. As perguntas foram:

 

----- Original Message -----

From: Raimundo Marinho dos Santos

To: prefeituralivramento@maxxnet.com.br

Sent: Thursday, August 02, 2007 11:28 PM

Subject: Fw: Solicita informações

Prezado Lafaiete,

Esqueci-me de um item importante, que peço acrescentar no pedido abaixo. Tratam-se das cerâmicas. Eu soube que o faturamento delas é superior ao das outras mineradoras e causam maiores estragos no meio ambiente. Eu queria saber:

- Quantas estão em atividade em Livramento.

- Se todas possuem alvará da Prefeitura para funcionamento.

- Se apresentaram as autorizações do DNPM e CRA

- Quanto recolhem de imposto por mês (CFEM e ICMS)

- Quanto do imposto é destinado Prefeitura

- Como é acompanhado e fiscalizado o recolhimento dos impostos

Mais uma vez, muito grato!

Raimundo Marinho 

 

DNPM não respondeu

Também consultamos, via e-mail, o Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, 7º Distrito, que fica em Salvador, igualmente sem resposta. Veja os questionamentos:

Prezado Sr. Theobaldo,

Estamos fechando a matéria que inspirou nossa solicitação abaixo. Voltamos a insistir na solicitação feita, em face da importância dos esclarecimentos desse órgão para a coletividade.

Muito grato!

Raimundo Marinho

 

----- Original Message -----

From: Raimundo Marinho dos Santos

To: dnpm-ba@dnpm.gov.br

Sent: Thursday, August 02, 2007 3:47 PM

Subject: Solicita informações

 

DE: Raimundo Marinho - do jornal on line "O Mandacaru", site www.mandacarudaserra.com.br

PARA: DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL

ATT: Sr. Theobaldo - 7º Distrito

 

Prezados senhores,

Estamos elaborando reportagem, para o jornal acima, sobre denúncias envolvendo as atividades mineradoras em Livramento de Nossa Senhora. Fomos informado que fiscais deste órgão interditaram, por irregularidades na documentação, as jazidas que vinham sendo exploradas sem licença, pela empresa Intergran Indústria e Comércio de Granito Ltda. Mas que esta não obedeceu a ordem de interdição.

 

Gostaríamos de obter o esclarecimento deste órgão sobre:

- Os reais motivos da citada interdição e se de fato está sendo obedecida.

- Se as empresas e pessoas abaixo possuem autorização para pesquisar ou minerar, no município de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, e desde quando:

         - Xangô Mineração Ltda.

         - Inergran Indústria e Comércio Ltda.

         - Hércules de Almeida Hermely

Muito grato pela atenção que, estou certo, dispensará a este pedido.

 

Raimundo Marinho - Jornalista

____________________________________________________________

 

08.08.2007 – Bom Jesus do Taquari

O povo rezou

A população compareceu em massa à missa em louvor ao Bom Jesus do Taquari, cantou e rezou com entusiasmo

“Eis-me aqui, senhor, vim dizer-te sim. Eis-me aqui, Jesus, eu quero te seguir!”

“Senhor, eu te peço perdão, pelas vezes que não acreditei que juntos podemos fazer deste mundo um mundo de irmãos. Senhor eu te peço perdão, pois o medo não me deixa agir. Fazei-me um instrumento, um profeta que fala de ti!”

(Trechos dos cânticos entoados na festa do Bom Jesus do Taquari, em Livramento de Nossa Senhora)

E o povo se alegrou - crianças, jovens, mulheres, homens – porque em Deus colocou suas esperanças, ao entregar suas vidas e seus destinos à disposição do Bom Jesus.

“Discípulos e missionários do Bom Jesus”, sob esse tema os padres, líderes dessa festa católica, conclamaram o povo a amar Jesus, dia 6 de agosto, Dia do Bom Jesus do Taquari, em Livramento de Nossa Senhora. E também Dia do Bom Jesus, na cidade de Bom Jesus da Lapa, igualmente na Bahia.

O povo, na acepção plena da palavra, estava lá. Uns, simples, usando sua melhor roupa, que tiram da mala de ano em ano; o povo chique, vestindo-se também segundo suas posses; os maltratados; os esquecidos; os doentes; os desprezados; os tristes; os que perderam as esperanças na vida; os bêbados; os felizes; os enamorados; os que a vida separou; os de bem com a vida...

Enfim, todos, carregando, cada um, os pecados que sabe existir dentro de si e os arrependimentos, frutos das fraquezas, das afoitezas, das precipitações, das maldades, como conseqüências naturais do humano viver. Todos, que querem acertar, que querem ser puros, livres, amorosos, crentes, mas que, às vezes, algo puxa para trás. Todos, que marcham neste mundo de Deus, dos quais Jesus Cristo é o guia e fez questão de deixar claro que o Céu, que esse Deus invisível, misterioso, aparentemente tão distante, estão mais perto de nós do que podemos imaginar. Muito perto!

Nas mensagens, nas homilias, os sacerdotes, estes mensageiros de Deus, repetiam, venham para Jesus, frisando sempre, o Bom Jesus. O Jesus dos que já estão no caminho certo e mais ainda o Jesus dos que ainda vagueiam na poeira escurecedora das margens da estrada.

Todas aquelas mensagens pareciam seguir a recomendação de Isaías, reproduzida na “Carta Pastoral” do bispo Dom Armando Bucciol: “Procurem o Senhor enquanto é possível encontra-lo” (capítulo 55, versículo 6). Que procuremos, então, como cervos a gemer pela água viva.

E recordemos o trecho da letra da canção de Roberto Carlos, entoada na missa celebrada na gruta do Taquari: “Um certo dia um homem esteve aqui/Tinha o olhar mais belo que já existiu/Tinha no cantar uma oração/E no falar a mais linda canção que já se ouviu/(...)Tudo que aqui Ele deixou/Não passou e vai sempre existir/Flores nos lugares que pisou/E o caminho certo a seguir”.

O tempo frio e o sol proporcinaram uma temperatura amena e os fiéis se mantiveram firmes aos pés do Bom Jesus

Clique aqui e veja mais fotos.

 

Morador critica omissão do Poder Público

Várias carretas e ônibus atravessaram a multidão em plena missa em louvor ao Bom Jesus, no bairro do Taquari

Do leitor/internauta, Weber Aguiar, recebemos a seguinte mensagem, via e-mail, protestando contra a omissão das autoridades em relação ao lado profano da festa: “Prezado Raimundo, Quero nesse momento fazer uso desse meio de comunicação para manifestar os meus protestos perante à omissão das autoridades no que tange aos festejos do Bom Jesus do Taquari, realizado nesse mês de agosto. Fico indignado com a ausência de sanitários públicos durante os festejos profanos, pois é grande o nº de barracas que comercializam sobretudo bebidas alcoólicas e esses foliões acabam por sair urinando nas portas e paredes das residências próximas, o que além de promover um odor insuportável é altamente desagradável. Um outro ponto está relacionado com a poluição sonora que ora se apresenta. Como moro nas proximidades da pça 06 de Agosto, palco desse fatídico evento, mal consigo atender o telefone, quanto mais dormir, pois o volume do som das \"bandas\" é muito alto, sobretudo na madrugada. Assim, sou capaz de convidar qualquer cidadão comum ou autoridade que queira \"provar\" do que estou dizendo para vir tentar dormir em minha casa. Por último e ainda não me dando por satisfeito, quero manifestar a minha indignação quanto a ausência de um eficiente controle do trânsito no local, pois como deve ser do conhecimento de todos, estamos às margens de uma importante rodovia estadual que permite o escoamento de boa parte da produção de grãos do oeste baiano e também da produção de frutas local, sendo grande o trânsito de carretas, caminhões e ônibus em meio aos foliões e devotos. Pretendo dessa forma tentar despertar nas autoridades um desejo que auxiliem a organização de um evento profissional, sobretudo pela importância dessa festa no contexto local. Em tempo, quero citar a ausência da fiscalização pela vigilância sanitária nas condições de comercialização das bebidas e alimentos. É vergonhosa a falta de higiene.
From: WEBER M. M. AGUIAR <weberaguiar@yahoo.com.br”.

De fato, pelo menos no tocante ao trânsito, várias carretas e ônibus circularam em meio à multidão, pois a rodovia passa juntinho à gruta do Bom Jesus e o tráfego não foi desviado. Durante o novenário, o forte cheiro de pipoca misturava-se ao cheiro do incenso utilizado nas celebrações.  Indiferentes, muitos políticos, incluindo gestores municipais e vereadores, circularam por entre a multidão, no último dia da festa. Uns, podia-se ver, mostravam-se contritos, de olho na missa. Enquanto outros tinham os dois olhos nos eleitores, fiéis e infiéis. Afinal, ano que vem terá eleição!

____________________________________________________________

 

03.08.2007 – Fenômeno

As curas da “Mulher do Bem”


D. Maria Rosa, na cama onde “opera” os “pacientes” ..... D. Maria Rosa em ação: “cirurgia” em 2 minutos


As pessoas desta fila foram “operadas” e retornaram apenas para“tirar os pontos” da “cirurgia espiritual

D. Maria Rosa de Oliveira, 54 anos, que já é chamada de “A Mulher do Bem”, está se transformando em um novo fenômeno de mediunidade em pleno sertão baiano, localidade de Espora, município de Ibipitanga, Bahia, a 130 km de Livramento de Nossa Senhora e 850 km de Salvador, capital do Estado. Atende uma média de 600 pessoas por dia, em uma pequena sala da sua própria casa, com estrutura precária, dentro da caatinga, onde é ajudada por Joel Xavier de Oliveira; o marido Jovino Messias de Oliveira; a irmã Terezinha Rosa de Almeida; a madrasta Julinda Rosa de Oliveira; e a sobrinha Aparecida Rosa de Oliveira. Romarias de todas as cidades da região, e até de outros estados, deslocam-se diariamente para Espora, para consultar o que parece ser uma reedição do caso do famoso Zé Arigó, que operava doentes sem qualquer recurso da medicina, dizendo-se orientado pelo espírito do Dr. Fritz, médico alemão que nunca foi identificado.

Segundo Aparecida Rosa, sobrinha de D. Maria, antes do período dos festejos juninos, o local chegou a receber seis ônibus, diariamente, além de dezenas de carros pequenos. D. Maria começava a atender as pessoas às 2h da madrugada e só parava às 23h. “A Mulher do Bem” não cobra nada pelos serviços que presta, nem mesmo pelas “cirurgias espirituais” que realiza. Sobre como opera a proeza das curas, ela disse que é guiada pelos índios das matas paranaenses, dos quais ela destaca dois, que chama de “Pagé” e “Pena Branca”. Na conversa com o repórter, ela demonstra simplicidade e muita humildade. Sem instrução, parece não saber nada de mediunidade ou espiritismo. Seu marido, Jovino Oliveira, disse que ela “não trabalha com mortos, só com vivos” e não sabe explicar como os índios a influenciam nas “intervenções cirúrgicas”.

 

Atendimento de graça


Nesta sala é feito o primeiro atendimento, pela ordem de chegada, e a consulta dura em torno de dois minutos

Maria Rosa afirma que atende doentes de toda a região, com os mais variados tipos de problemas e doenças e cita alguns casos, como “encosto”, “fraqueza na cabeça”, tuberculose, coração, doença de Chagas, câncer, epilepsia e até dois aidéticos fazem tratamento com ela. O processo de atendimento é simples: as pessoas chegam de ônibus, vans, rural, jipes ou qualquer outra condução. O motorista inscreve seus passageiros, por ordem de chegada e todos são acomodados numa pequena sala, de onde vão sendo chamados, pelos auxiliares de D. Maria, e são atendidos ali mesmo, na frente dos demais. Os casos de “cirurgia” são levados para um pequeno cômodo, onde D. Maria realiza, em média de dois minutos, a “operação espiritual”, por mais complicada que seja a doença. Tudo de graça, mas alguns “pacientes” costumam fazer doações espontâneas.

Na verdade, ela garante que não vê nada. Quem de fato faz tudo é o índio “Pajé” ou “Pena Branca”. Realmente, sua voz adquire um tom mais grosso quando está em ação. Demonstra não ter cultura de espécie alguma e só estudou até a 5ª série do antigo Curso Primário. Revela que sentiu o dom de curar desde menina, mas começou o atendimento público somente há quatro anos, em Espora, após ter residido no Sul do pais, para onde fora aos 15 anos, tendo retornado para cuidar de seus pais, na caatinga baiana. O marido dá mais detalhe e afirma que ela sonhava com a imagem de Jesus Cristo e de Nossa Senhora, as quais, no sonho, ficavam numa gruta da serra de Ibiajara, próximo a Ibipitanga. Seu Jovino é quem recebe os visitantes e organiza o acesso às consultas. Ele atribui o dom da esposa às “coisas de Deus”.

 

Desmancha “porcarias”

Cada auxiliar de D. Maria Rosa tem uma função específica ou cumulam funções. Joel também realiza “curas espirituais” e encaminha para ela os casos em que são necessárias “cirurgias”. Jovino, o marido, é o organizador do atendimento. Terezinha, a irmã, é “enfermeira”, tira os “pontos” e faz curativos nos que se submeteram a tratamento “cirúrgico”, usando a planta “Nica” de infusão no álcool e uma pomada para “tirar dor”. Diz ela que a pessoa só é liberada quando fica totalmente boa. Julinda, 68 anos, madrasta de D. Maria, que não concluiu o curso primário, é uma auxiliar direta. Garante que as “operações” são realizadas pelos guias, sem sangue e sem dor. Aparecida, 20 anos, é outra “enfermeira”, mas também benze contra quebranto do mau olhado, dor de barriga e dor de dente. Conta que D. Maria cura também doenças do fígado, rins, olhos, hemorróidas e desmancha “porcarias feitas” contras as pessoas. Lembra o caso de uma mulher grávida, cujo bebê ficou atravessado no útero. O médico disse que precisaria de cirurgia, mas D. Maria, sem corte nem sangue, corrigiu a posição do feto.

Pessoas pobres, humildes, sem recursos predominam entre os que procuram “A Mulher do Bem”, mas muita gente instruída, de todas as religiões, atravessam a caatinga para se tratar com ela. Uns até fazem isso em segredo, se escondem. O ponto em comum, porém, entre todos eles é a fé e o anseio, quase desesperado, pela recuperação da saúde perdida. As pessoas ouvidas pelo repórter foram unânimes em afirmar que ou tiveram seus problemas integralmente solucionados ou encontram alívio animador. E a fama de D. Maria Rosa já se espalhou pelo sertão. Roberto Carlos Santana, disse que foi a primeira pessoa do vizinho município de Macaúbas a se tratar com ela, de uma taquicardia. Ficou bom e virou seu auxiliar, garantindo que já levou para o local, nos últimos sete meses, mais de 12 mil pessoas.

 

A fé dos “pacientes”

Cleide Moreira Castro Santos, professora da localidade de Pajeú, em Livramento de Nossa Senhora, conheceu D. Maria, há 15 dias, foi “operada” de uma vista, gostou e voltou para tratar do olho esquerdo. Foi quem ajudou o repórter a conseguir a entrevista com a curandeira. No dia 1º de agosto, duas vans saíram lotadas, 30 pessoas, de Livramento de Nossa Senhora, para a caatinga de Espora, uns pela primeira vez e outros para continuar os tratamentos. Um deles foi o professor Jânio Soares Lima, com problemas nas cordas vocais e perda da voz. “O otorrino disse que era cisto ou calo, prevendo cirurgia” disse, acrescentando que “há 15 dias vim aqui, fui operado, e minha voz não falhou mais”. Já Simone Ramos, operada do olho esquerdo, foi pela primeira vez e disse que gostou: “tive paralisia facial e sentia muita dor de cabeça”.

O movimento de centenas de pessoas que buscam a cura do “Pagé” e “Pena Branca”, por intermédio de D. Maria Rosa, está fazendo crescer também a demanda por transportes, na região, para a alegria dos dons de ônibus, vans e motoristas de táxis. Igualmente, um pequeno comércio de alimentos, para lanches e café, está surgindo em torno da casa da “Mulher do Bem”. Na raiz de tudo, estão a carência da população em relação à saúde, a fé do sertanejo e a disposição de uma mulher simples em atender, do seu jeito, os seus semelhantes, garantindo que nada cobra pelo atendimento prestado.

 

Cleide Moreira: melhoras, após “operação” da vista ...... Jovino: ela não trabalha com os mortos, só vivos

Aparecida: cura hemorróidas e desfaz “porcarias” ...... Jânio Soares Lima: “minha voz não falhou mais”

A curandeira Maria Rosa, com as ajudantes Julinda, sua madrasta, e a “enfermeira” Terezinha, que é sua irmã

 

Espaço de trabalho dos curandeiros, tendo nas paredes imagens de santos católicos e foto do padre Marcelo


As pessoas chegam de ônibus, vans, carros e outros meios de transportes à casa da “Mulher do Bem”

Clique aqui e veja o mapa de localização da cidade de Ibipitanga.