Cultura – 31.01.2011

Jornada em homenagem a Begue

Filarmônica de Livramento, incluindo o grupo de flauta doce, homenageou antigos integrantes

Começou com romaria ao povoado de Canabrava, dia 27, véspera da festa de São Gonçalo, a VIII Jornada Lindembergue Cardoso e terminou com show de rock, dia 30, na Praça Zezinho Tanajura, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia. Idealizado e coordenado pelo médico José Caires Meira, o objetivo do evento musical é homenagear e preservar a memória do virtuoso maestro livramentense, autor de várias peças clássicas, que foi professor da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia.

Foram três dias de poesia, arte e cultura, com excelentes apresentações musicais de Carlos Pita, Osvaldo Bezerra, Tuzé de Abreu, Wilson Aragão, Paulinho Natureza, Ely Pinto, grupo de chorinho Camila, Suelen e Kelly, terno de reis de Dom Basílio, Guarás do Nordeste, cordel de Creuza Meira e Zé Walter Pires, Filarmônica de Livramento e seu grupo de flauta doce. Para encerrar, os roqueiros do Politrauma (Livramento) e Misantropia (Brumado).

Carlos Pita lembrou de Begue com .....Osvaldo Bezerra, "Rei do Brega": ....Ely Pinto: cover perfeito do
muita emoção
..............................................muito aplaudido.......................................saudoso Raul Seixas

O compositor, regente e professor Lindembergue Cardoso, filho de D. Aída e seu Godó, nasceu em Livramento e morreu prematuramente, aos 49 anos, em Salvador, em 1989. Deixou um grande legado musical e cultural, com inúmeras peças, cuja temática tem foco na inspiração vinda das lembranças da terra natal, onde ainda é muito querido e lembrado.

Um dos destaques da jornada foi o forrozeiro erudito Carlos Pita, que falou do seu prazer em visitar Livramento, a terra de Begue, de quem foi aluno. Ele disse que Livramento era uma “cidade musical” e que o maestro tinha um sentimento lindo por ela: “um sentimento de brasileiro, de homem do sertão e era isso que encantava em Lindembergue”, disse.

Jornada em homenagem a Lindembergue atraiu centenas de pessoas à Praça Zezinho Tanajura

 

Corpo no Rio Taquari - 28.01.2011

Homem morto encontrado boiando

Em plenos festejos de São Gonçalo da Canabrava, o corpo de um homem acaba de ser descoberto boiando nas águas podres do Rio Taquari, afluente do Rio Brumado, que atravessa a cidade de Livramento de Nossa Senhora, na Bahia. Aparentemente, trata-se de um homem negro, de estatura mediana, em estado de gigantismo e com grande ferimento na altura do tornozelo esquerdo. O rosto está desfigurado pelo inchaço.

Está trajando camisa verde, com a inscrição “INDIAN”, que em português significa indiano, e bermuda colorida com estampas em forma de flores. Traz um relógio com pulseira de plástico preto, no braço direito.

Até por volta de 10h, não havia qualquer autoridade no local, apenas curiosos e o carro de uma funerária. Mas ninguém, até então, sabia de quem se tratava. O ponto do rio em que se encontra o corpo fica logo acima da ponte que liga a cidade de Livramento ao bairro Taquari.

Bodas de Prata – 18.01.2011

Cônego Pedro Cruz comemora
Jubileu de Prata em Livramento

O jovem Pedro Carlos Cruz Santos, de família humilde do bairro Valério, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, despertou-se cedo para o ministério sacerdotal da Igreja Católica. Aos 22 anos, ingressou no Seminário Redentorista Padre Afonso, de Aparecida do Norte, em São Paulo, precisamente em 28 de fevereiro de 1978. Porém, a convite do padre José Ribeiro Dias, então pároco de Livramento, recentemente falecido, o convidou para a Ordem dos Estigmatinos, de Ribeirão Preto, também em São Paulo, em cuja arquidiocese exerce, hoje, o seu ministério.

Ele escolheu a cidade natal, Livramento de Nossa Senhora, para comemorar, em 5 de janeiro de 2011, o Jubileu de Prata de sua ordenação sacerdotal, em celebração eucarística que encantou e marcou a comunidade católica da cidade. Foi uma celebração festiva, com emocionantes caracterizações bíblicas, feitas por pessoas da comunidade livramentense e santarosense. Na verdade, foram duas comemorações, a primeira ocorreu em 1º de janeiro de 2011, em Santa Rosa de Viterbo – SP, onde ele é pároco.

Esse religioso nordestino goza de grande prestígio e da admiração dos paulistas, tanto que pelos menos 80 pessoas viajaram cerca de 1.500 quilômetros, de Santa Rosa de Viterbo - SP, onde é pároco há 20 anos, pertencente à Arquidiocese de Ribeirão Preto, em São Paulo, para participar também das comemorações em Livramento.

Pedro Carlos Cruz Santos ordenou-se padre em 1º de janeiro de 1986, ato que fez questão de realizar na Catedral de Livramento. Em 2005, foi nomeado cônego, pelo então arcebispo D. Joviano de Lima Júnior, de Ribeirão Preto (SP). Seus estudos primários e secundários ocorreram em Livramento, tendo-se formado em professor primário na antiga Escola Normal do então Colégio João Vilas Boas, hoje Colégio Estadual João Vilas Boas.

Originário de uma família muito unida, Pedro Cruz tem oito irmãos: João, Paulo, Braz, Pascoal, Nelson, Jorge (falecido), Vera Lúcia e Luciete. Em entrevista ao O Mandacaru, acessível pelo link abaixo, ele fala um pouco da sua trajetória sacerdotal, das durezas que enfrentou, da força de Deus, do apoio recebido da família, principalmente da mãe, D. Zezinha, e da tia e madrinha Gildete Cruz Santos, bem como do carinho que tem para com o povo de Santa Rosa.

Clique aqui para ler a entrevista>>

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Texto de Márcia Oliveira>>

 

Artigo - 06.01.2011

J’ACCUSE !!!

(Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes)

« Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice. (Émile Zola)
Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. (...) (Émile Zola)

Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar!).

A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.

O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.
Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de  convivência supostamente democrática.

No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando...

E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.”

Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno – cliente...

Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”.

Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.

Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:
EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;

EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos”e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;
EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;

EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;
EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;

EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;

EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;

EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”;

EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;

EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e  do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;

EU ACUSO os  “cabeça – boa” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito;

EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;

EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição;

EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;

EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;

Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos - clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.
Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”.

A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.”

Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.

Igor Pantuzza Wildmann
Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário
 
Nota: o texto acima está circulando na internet, via e-mail, meio pelo qual foi enviado ao O Mandadaru. 
 
(Eu acuso !)

 

Posse em Brasília - 04.01.2011

Sai Lula e entra Dilma

Por Raimundo Marinho

Dilma Rousseff sai da Catedral de Brasilia, sob forte chuva, para a posse no Congresso Nacional

Testemunhei, em Brasília, o fato histórico e inédito, no Brasil: a posse de uma mulher, Dilma Rousseff, como presidente da República, apesar de não aplaudir muito essas divisões humanas de “primeira mulher”, “primeiro negro”, “primeiro operário”. Bom seria que tudo isso fosse natural, mas não se pode negar os costumes nem os fatos. O certo é que se encerra um período emblemático de governo, no Brasil, e começa outro, o que, sem dúvida, engrandece a democracia.

O Brasil já julgou Lula, por antecipação, dando-lhe mais de 80% de aprovação, restando esperar que Dilma preencha as grandes lacunas que, mesmo assim, ele deixou. E ela já deu sinais positivos nesse sentido, por exemplo, ao reafirmar, no discurso de posse, a promessa de erradicar a pobreza entre os brasileiros. Sua fala foi firme e esperançosa, assumindo compromissos de um verdadeiro Estado Democrático de Direito, estendendo a mão até mesmo aos que lhe fizeram oposição.

Lembrou, com justa emoção, seu passado de guerrilheira (sem usar essa expressão) contra a ditadura, como parte da caminhada até a Presidência, como a demonstrar sensibilidade para os problemas humanos. Tranquilizou a sociedade, ao enfatizar que prefere “o barulho da imprensa livre do que o silêncio de uma ditadura”. Ao seu patrono, Luiz Inácio da Silva, abriu o coração em agradecimentos.

Assistir à posse ao vivo é emocionante, mas sem a abrangência da TV. O sistema de segurança montado na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes, em Brasília, não levou em conta os populares. A lama e a água da chuva, que começou a cair quando Dilma saia da Catedral de Brasília, causaram muitos transtornos. Os bloqueios da segurança dificultaram o acesso à Praça dos Três Poderes, que não ficou lotada, de onde se viu a troca da faixa presidencial. Predominou a cor vermelha do Partido dos Trabalhadores, com muita gente portando bandeiras, faixas e vestindo camisas com a frase “Valeu Lula”.

No mais, a grande mídia, principalmente a TV, já divulgou amplamente o acontecimento. Quem não leu, ainda, vale a pena ler o discurso de posse da presidente.

O povo concentrado na Praça dos Três Poderes parecia mais interessado em se despedir de Lula

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