31.10.2008
Do povo e nas costas do povo
O sentido da política é organizar e gerenciar o interesse da comunidade, em favor dela mesma. Não se pode falar em organização política fora do entendimento comunitário. Quando o pensamento político se torna egoísta, a sociedade se corrompe e se coloca em rota de destruição. Isso ocorre quando a militância passa a ser motivada por interesses individuais ou corporativos. A responsabilidade do poder político, em face das conveniências individuais e fechadas, acaba se limitando ao estabelecimento de garantia de direitos e exigência de obrigações, como em um “mais-e-menos” matemático.
O determinante e limitador dessa ação deveria ser o interesse coletivo, como regra básica, cuja violação desencadeia o temerário desequilíbrio indutor de desesperanças entre a maioria da população, principalmente a mais pobre, sempre vulnerável a manipulações politiqueiras. Políticos, principalmente os sem vergonha, são sempre bons encantadores de pobres, seja de espírito seja de bens materiais. Mas o pior ainda não é isso e sim o desenvolvimento de comportamentos desumanos e anti-comunitários, como a defesa cega e insana da unilateralidade de direitos.
Isso ocorre quando os de um lado, de um mesmo grupo ou coligação, se dizem os únicos certos, somente eles têm direitos, somente eles são corretos, só eles são filhos de Deus e apenas seus rogos são ouvidos no Céu. Comportamento típico de quem condena nos outros as mesmas falhas e mazelas que pratica, de quem vê crime nos atos alheios, mas se considera justiceiro se praticar as mesmas ações. Quem não observou isso na última campanha eleitoral, também em Livramento de Nossa Senhora?
Essa visão impõe um ônus catastrófico à coletividade, em futuro não muito distante, o que equivale ao sacrifício, e por que não dizer, à imolação das gerações que agora nascem, assim como a de hoje suporta as perversões políticas de outrora. Olhemos para tempo atual e vejamos - com toda a evolução tecnológica da “cadeia global” - como o mundo se apavora diante de uma crise, ainda subavaliada, surgida em um único país, mas que se metastaseia entre as demais nações.
A vida no “Planeta Terra Economicamente Globalizado” não passa de uma dessas “correntes”, na forma de pirâmide, que recebíamos pelos Correios e agora recebemos via e-mail, com a veemente solicitação para ser distribuída a certo número de pessoas, condição para sermos, ao final – que nunca chegava - contemplados com garantida fortuna. Bastava um indivíduo romper o pacto (a “corrente”) para todos sucumbirem.
Olhando um pouco mais para adiante, vemos a nau Brasil trepidar. Vendo de mais pertinho, todavia, não vamos nos apavorar tanto, pois já estamos a ver navios - independente de qualquer crise - a não ter trânsito, remédios, hospital e escolas decentes. A não ganhar o salário mínimo, a beber água coliformesfecaisada ou excessivamente cloroisada; a consumir hortaliças e frutas agrotoxicadas; a assistir, até com certo deslumbramento, ao dantesco espetáculo das queimadas anuais.
E tudo mais! Mansamente, assim como mandam as conveniências, como, por exemplo, ter um emprego de R$100,00 por mês, por não ter tido a capacidade de passar em um emprego concurso; ou de ter garantido seu “puxadinho” com seu voto miserável. Já são tantas as conveniências que elas, por si só, já determinam as feições medíocres do poder político. Daí porque constrange ver os medíocres poderosos políticos desfilando pelas ruas, principalmente quando cercados de áulicos - pela frente, por trás, pelo lado direito e pelo lado esquerdo.
As lições e possibilidades de reflexão deixadas pelas últimas eleições ainda não se esgotaram, também aqui em Livramento, principalmente depois de constatado que tudo é porque o povo quer, pois é o povo que vota,vota segundo suas conveniências. E poderia ser diferente? A soma das conveniências resulta em um escore eleitoral conveniente e, conseqüentemente, em um governo de conveniências. E “quando o povo quer” - já dizia, com absoluta propriedade, o slogan eleitoral – “não tem jeito”.
Nesse caso, só quem teria legitimidade para reclamar seria o povo. O governo, na democracia, é do povo, não somente pelo povo e para o povo. Quem haverá de reclamar, portanto e por exemplo, dos muitos jovens que morrem ou ficam inválidos no trânsito desorganizado da nossa cidade? Quem haveria de dizer alguma coisa e protestar contra as anomalias fetais possivelmente causadas pelo envenenamento agrotoxida das frutas e legumes? Quem sobrará para se indignar contra a falta de água potável no sertão? Quem perguntará onde começam e onde terminam as adutoras prometidas?
Não haverá mesmo nem quem indague: “o que terá sido feito do meu voto?” Mas se nada for perguntado, nem respondido, que, pelo menos seja somado tudo isso e calculada a conta a ser paga, em futuro não muito distante, pelos que estão nascendo e ou crescendo agora! Viva, portanto, Livramento de Nossa Senhora! Viiiiiiivaaaaa!!!
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31.10.2008
Ministro do TSE livra “Carlão”
O ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Arnaldo Versiani, em decisão monocrática (de um só juiz), negou provimento ao recurso especial impetrado pelo Ministério Público Eleitoral, no processo que julga o pedido de impugnação do registro de candidatura a prefeito de Carlos Roberto Souto Batista, o “Carlão”, reeleito prefeito de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, no último dia 5 de outubro.
O pedido do Ministério Público baseou-se na rejeição das contas do prefeito, exercício de 2006, pelo voto unânime dos conselheiros do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia. O assunto poderá ainda ir ao Pleno do TSE (conjunto dos ministros) ou mesmo ao Supremo Tribunal Federal, por conter matéria constitucional, se o MP entender que deva continuar recorrendo.
O despacho de Arnaldo Versiani mantém decisões do juiz da 101ª Zona Eleitora, com sede em Livramento, e do Tribunal Regional Eleitoral, respectivamente. Todas estão baseadas no entendimento de que o parecer prévio do TCM, por si só, não torna o candidato inelegível, sendo necessário que fosse confirmado pela Câmara de Vereadores. E, no caso de “Carlão”, a Câmara não chegou a apreciar o parecer do órgão de contas. Isso abre espaço para uma interessante discussão jurídica e política.
Vejamos: se a decisão do Tribunal de Contas só vale, para efeito de inelegibilidade, se sobre ela houver se manifestado a Câmara de Vereadores, então se torna inócuo o julgamento daquela corte, presumindo-se que, se um prefeito mantiver maioria no Legislativo, poderá derrogar toda a legislação criminal e civil, absolvendo-se de todo e qualquer ato de improbidade que praticar.
Pode se dizer, também, no caso, que uma simples Câmara de Vereadores, na sua maioria formada por pessoas semi-analfabetas, faz o Judiciário de besta e vilipendia todo o ordenamento jurídico do país. Basta, como fizeram os vereadores de Livramento, na véspera da eleição, deixar, estrategicamente, de examinar o parecer do TCM.
(Clique aqui para ler a íntegra da decisão do ministro do TSE).
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25.10.2008
Prefeito, mandato e cassação
Há um "zum-zum-zum" em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, sobre o futuro do prefeito local, Carlos Roberto Souto Batista, reeleito em 5 de outubro. Muito se indaga sobre o que pode haver de real envolvendo eventual "cassação" do alcaide. Até correligionários seus mostram-se receosos e abatidos diante da possibilidade de perda do poder, depois da vitória, com um resultado histórico, nas últimas eleições.
Não soubemos de qualquer esclarecimento dado pelo chefe do Executivo ou seu grupo, mas tudo não passa, por ora, de boatos e especulações, em razão das questões jurídicas, aqui já divulgadas, que envolvem a administração e reeleição do prefeito. Uma dessas questões diz respeito ao pedido de impugnação do registro da sua candidatura, feito pela Promotoria de Justiça, que se encontra pendente de julgamento no Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília.
Outra questão refere-se às representações junto à Justiça baseadas em denúncias de compra de votos, crime eleitoral que a lei denomina de "captação Ilícita de sufrágio", a qual, se comprovada e reconhecida pela Justiça Eleitoral, enseja a perda de todos os votos obtidos, na eleição, favorecendo o segundo candidato mais votado. Portanto, para que "Carlão" perca os votos da última eleição, é necessário, antes, que seja considerado culpado nesses processos.
Aos que indagam se isso será possível, a resposta, tecnicamente falando, é sim, mas ninguém pode se antecipar ao Juízo. Tudo dependerá da consistência das provas apresentadas contra ele, do empenho do Ministério Público e da oposição - grande interessada nos processos - e, claro, dos elementos de defesa juntados pelo prefeito-candidato.
O que se pode dizer é que houve rejeição, pelo Tribunal de Contas dos Municípios, das contas de 2006, do prefeito, e esse é o principal motivo do pedido de impugnação do registro da sua candidatura. E também que houve flagrantes de compra de votos, em que o prefeito teria sido beneficiado, ao lado dos vereadores João Louzada, Wagner Assis e Marilho Matias.
Em um desses flagrantes, o próprio prefeito admitiu o fato, em Juízo, embora tentasse descaracterizá-lo como doação visando à obtenção de sufrágio. Para piorar, este mês, o alcaide foi multado em R$600,00 e instado a ressarcir os cofres públicos em R$6.500,00, pelo TCM, por ter publicado em jornais matérias consideradas auto-promocionais.
Se o cerco se fechar em torno de Carlos Batista, por conta dessas medidas judiciais, aí sim, ele poderá vir a ser afastado da vida pública, por decisão judicial. Uma eventual decisão nesse sentido o alcançará onde e como ele se encontrar. Se ocorrer antes da diplomação do novo mandato, ele não será diplomado. Se depois, não será empossado. Se após a posse, terá o mandato cassado.
Em qualquer dos casos, por se tratar de fato anterior à eleição, o segundo candidato mais votado será declara do eleito. É exatamente isso que faz o assunto tão aceso entre a população, tão nervoso e excitante, lamentavelmente, quanto uma disputa de pênalti em uma decisão de campeonato!
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25.10.2008
Presidente da Câmara multado
Assim como o prefeito Carlos Batista, que foi multado em R$600,00 e instado a devolver R$6.500,00 aos cofres públicos municipais, pelo Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia, o presidente da Câmara Municipal de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, vereador Marilho Machado Matias, foi igualmente punido pela corte pelo mesmo motivo: publicação em jornais de matérias consideradas auto-promocionais. A multa a ele aplicada foi menor, R$500,00, assim como o valor que t erá de restituir ao tesouro municipal, R$3.200,00.
Em ambos os casos, o TCM baseou-se em ocorrências lavradas no órgão, gerando, respectivamente, os processos de números 40.536/08 (Marilho) e 40.537/08 (Carlos), referentes a despesas com publicidade caracterizada como autopromoção, no exercício financeiro de 2007.
O conselheiro do TCM Oyama Ribeiro de Araújo, citando a Constituição Federal, relatou nos processos que "A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridade ou servidores públicos".
Ele fundamentou em seu relatório q ue, nos processos a que respondem os chefes do Executivo e do Legislativo livramentenses, a presença da publicidade auto-promocional ficou "plena e perfeitamente visível, desde a manchete", uma vez que foram consignados nomes e estampadas fotos dos envolvidos na promoção pessoal. Além disso, acrescentou, as mensagens publicadas não se restringiram à informação ou ao caráter educativo, como impõe a Lei.
O presidente da Câmara responde pelas seguintes publicações: página 13 - edição n.º 859 - ano 23, de 20 de outubro a 02 de novembro de 2007 - do jornal Tribuna do Sertão; página 15 - edição n.º 858 - ano 23 - de 06 de outubro a 19 de outubro - do jornal Tribuna do Sertão; página 10 - edição n.º 860 - ano 23, de 03 de novembro a 16 de novembro de 2007 - do Jornal Tribuna do Sertão, em que aparecem as fotos e nomes dos vereadores Marilho Machado Matias (presidente), Ricardo Luis Silva Matias, Ilídio de Castro, Paulo César Dourado Alves, Zeferino Wagner Assis Santos Pereira e Márcio Leandro Araújo.
No caso do prefeito, as publicações foram: página 02 - edição n.º 208, de 30 de setembro de 2007, do Jornal Folha Regional; página 01, 15 e 16 - edição n.º 95, ano VII, de 12 de setembro a 12 de outubro de 2007, do jornal Folha Regional; página 11, edição n.º 96, ano VII de 13 de outubro a 27 de novembro de 2007, do jornal Folha Regional, e página 16 - edição n.º 863, ano 23 de 15 de dezembro a 04 de janeiro de 2008, do jornal Tribuna do Sertão), em que aparecem fotos e nome do Sr. Carlos Roberto Souto Batista.
O prefeito Carlos Batista foi multado também, em R$500,00, pelo TCM, no processo número 41.329/08, e obrigado a devolver aos cofres da Prefeitura a importância de R$5.500,00, conforme decisão tomada na sessão plenária do órgão, em 22 deste mês de outubro.
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19.10.2008
Um voto por um “puxadinho”
Escrevo este comentário aqui da cidade de Pato Branco, espécie de capital do sudoeste do Estado do Paraná. É um município de porte médio, com cerca de 80 mil habitantes. Por aqui ainda se respira vapores das eleições municipais. Não pude deixar, claro, de lembrar Livramento, pois o que se comenta por aqui, incluindo os pequenos municípios da região, é a reeleição de gestores que fizeram péssimas administrações.
Como se trata do “Sul Maravilha”, não tenho conseguido evitar a pergunta: “Mas, por que isso?” E a resposta não poderia ser mais surpreendente: “Compra de votos”. Aliás, não tão surpreendente assim, pois aqui também é Brasil. Brasil que, como diriam os pessimistas, parece não ter jeito. O que ainda não apurei, espero ainda fazê-lo, é se os vendedores de consciência daqui são também tão pobres quanto nossos nordestinos, para quem um voto só vale meia dúzia de tijolos.
Mas o que é certo, já apurado, é que os compradores são tão sem vergonha quanto os nossos. Vender o voto não é só uma pouca vergonha para quem compra, é também e principalmente, um desperdício para quem vende. Isso porque o vendedor, na verdade, trocou uma casa por seis tijolos.
O Estado brasileiro, pela sua lei maior, na medida dos seus recursos, é obrigado a suprir a população carente de moradia, educação, saúde, enfim, é obrigado a garantir a dignidade da pessoa e isso inclui esses e outros benefícios. Mas qual prefeito ou vereador vai se empenhar por essa garantia, se já desembolsou recursos na compra dos votos com os quais se elegeram?
Por essa e outras razões, vender o voto, além de degradante, tanto quanto o é comprar, é como cuspir para cima, achando que vai atingir as estrelas. O cuspe, na verdade, retorna e lhe cai na cara. E se assim vai continuar, se a comunidade não se aperceber do quanto o todo é prejudicado, o quanto as gerações futuras vão sofrer. Os eleitos com votos comprados vão roubar para compensar e melhorar de vida, e quem vendeu o voto continuará com sua casinha miserável, acrescida apenas de um banheiro tosco ou de um puxadinho.
A esperança está em que, no processo todo, pudemos testemunhar a existência de muitos inconformados, entre eles advogados que patrocinaram representações contra “fichas-sujas” ou denunciaram flagrantes de compra de votos; e os promotores de justiça que, pelo Brasil afora, incluindo Livramento, encamparam essas representações. Se de um lado há os que se deslustram, comprando ou vendendo votos, de outro há os que estão no Brasil certo e se empenham para honrar suas vidas e cumprir constitucionalmente suas funções.
Em Livramento, a representação de mais destaque é contra o prefeito reeleito, Carlos Batista, referente ao pedido de impugnação do registro da sua candidatura, que está para ser julgado no TSE, já com parecer favorável do procurador eleitoral federal. Ameaçam, ainda, sua reeleição mais duas representações por captação Ilícita de sufrágio, juntamente com dois candidatos a vereador. Nem tudo é desilusão neste brasilzão.
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12.10.2008
Dois líderes e duas eras
O resultado da última eleição de prefeito, em Livramento de Nossa Senhora, em que Carlos Batista foi reeleito com a diferença história de 2.667 votos, pode ser analisado sob múltiplos ângulos. O mais falado tem sido o que aponta para o fim do que se considera “Era Leal”, que teria durado mais de 20 anos; e o batismo do que poderá vir a ser a “Era Carlão”, que já teria garantidos pelo menos oito anos. Exige-se, portanto, metaforicamente falando, exercício dos raciocínios de paleontologia, futurologia e, quem sabe, de projeciologia, para se saber que reação a conclusão operará em nós, se de euforia ou melancolia.
Analisado o conjunto da obra da “Era Leal”, de cerca de 20 anos, aí incluídos sucessores do grupo, não se pode negar a importância e extensão das realizações, mas é irrecusável reconhecer que muito mais ficou a dever. Quanto à “Era Carlão”, pelo menos quatro anos dela já foram desperdiçados, sob o plausível, mas não muito convincente argumento de que não nascera prefeito e que, além disso, herdara uma grande dívida. Mas, como o jogo para ele está apenas começando e ante a competência demonstrada no esforço parar se reeleger, sem desperdiçar o favoritismo, tem tudo para sobrepor-se a seus antecessores.
Os livramentenses atenderam ao pedido do prefeito de mais uma chance e o honraram, mais uma vez, com a mais alta magistratura municipal, exigindo-lhe tão somente que a dignifique, administrando com honestidade e eficiência os interesses da comuna. Não poderá esquecer, por imperativo da lei e da democracia, que será prefeito também dos quase 46% que votaram em seus adversários, bem assim dos 5.333 que se abstiveram e ainda dos 1.269 que votaram nulo ou em branco.
Outro ângulo de análise pode ser o que nos remete para os resultados em si e o que em torno deles gravita, como: a implícita aprovação do trabalho de Carlão e confiança no que ainda poderá fazer; a força eleitoral demonstrada por Lia Leal, com 43% dos votos válidos; e a incipiência de votos do PT em Livramento – partido do presidente Lula – que reuniu apenas 2,83% dos sufrágios válidos.
O embate eleitoral teve ranhuras, claro, como revelaram os flagrantes de doação de materiais de construção (fala-se também de doações em dinheiro), brigas e alguns atos de vandalismo, que se procurou vincular ao movimento eleitoral, mas não se sabe o quanto tudo isso pode ter afetado o resultado. Entendemos mais prudente, entretanto, acreditar que a vitória aconteceria de qualquer jeito. Isso não exclui, todavia, a necessidade de se considerar a participação que certamente teve o poder da máquina administrativa e as forças econômicas que orbitam em torno dela, estas, sim, sem sombra de dúvida, determinantes.
De tudo, restou certo o bordão da campanha de Lia Leal, que acabou valendo para o adversário: “quando o povo quer, não tem jeito”. De fato, nada se sobrepõe ou poderá sobrepor-se à vontade do povo. Se existira uma “Era Leal” ou se haverá a “Era Carlão”, dentro do ordenamento jurídico atual, assim foi ou será pela exclusiva vontade do povo.
No embate renhido da campanha eleitoral, pode ter havido pressão, intimidação, assédio, ameaças, compra de votos, doações, tapinhas nas contas etc, mas, na solidão e intimidade da cabine, só havia o eleitor e sua consciência, diante da urna, eletrônica e impassível. Desse modo, não há como querer ser mais realista do que o rei. O povo votou livremente em quem bem quis. Agora, terá quatro (ou vinte) anos para comemorar ou lamentar!
Quatro vereadores foram reeleitos
Assiste razão aos que criticam a administração do prefeito Carlos Batista, incluindo aliados, mas não lhe podem negar eficiência e competência no comando da última campanha eleitoral. Além de se reeleger com a diferença histórica de 2.667 votos, em relação à segunda colocada, que foi Lia Leal, com quem polarizou o pleito, sua coligação elegeu seis vereadores, todos com mais de mil votos. A partir de 2009, portanto, terá quorum privilegiado no Legislativo Municipal, sendo poucas as possibilidades de defecções.
Na eleição para vereador, o campeão de votos foi o ex-vereador Lafaiete Nunes Dourado (PMDB), com 2.180 votos, o que vem sendo atribuído ao trabalho assistencialista que prestou como chefe de gabinete do prefeito. Dos cinco novos vereadores eleitos, três já tiveram assento na Câmara: o próprio Lafaiete, Zé Araújo e João Amorim. A bancada de oposição será formada por apenas três vereadores: Paulo Lessa (1.279 votos), Almir Cândido (864 votos) e João Amorim (849 votos). Não foram reeleitos: Ricardo Matias, Everaldo Gomes, Paulinho Motorista (não se candidatou), Wagner Assis e Leandro Araújo (não se candidatou).
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06.10.2008
Carlão reeleito com 54,12%
A frente foi de 2.667 votos
Carlos Roberto Souto Batista confirmou o favoritismo e foi reeleito prefeito do município de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, pela coligação “A Liberdade e o Progresso Continuam”, com 13.026 votos, contra 10.359 da candidata Lia Leal, da coligação “Desenvolvimento com Justiça Social”, e 683 do candidato Gerardo Júnior, da coligação “A Verdadeira Mudança”.
Os dados são oficiais, liberados pela Justiça Eleitoral, por volta da meia noite de ontem. Carlão ganhou, portanto, com 54,12% dos votos válidos, que foram de 24.068, alcançando uma frente de 2.667 votos, em relação à segunda colocada. Foram apurados 25.337 votos, dos quais 272 brancos e 997 nulos. Um total de 5.333 eleitores não compareceu para votar.
Foram eleitos vereadores: Lafaiete Nunes Dourado (2.180 votos), Marilho Machado Matias (1.807 votos), Aparecido Lima da Silva (1.666 votos), João Araújo Louzada (1.615 votos), Paulo Roberto Lessa Pereira (1.279 votos), José Araújo Santos (1.177 votos), Ilídio de Castro (1.086 votos), Almir Cândido da Silva (864 votos) e João de Amorim e Silva (849 votos). Na nova composição da Câmara, o prefeito Carlão terá uma maioria folgada de seis vereadores (Lafaiete, Marilho, Aparecido, João Louzada, José Araújo e Ilídio).
Demais municípios da 101ª Zona
Dom Basílio – Prefeito eleito: Luciano Pereira Silva, do Partido dos Trabalhadores, com 3.980 votos, 53,71% dos votos válidos. Zé Bonfim, segundo colocado, teve 3.430 votos. Vereadores eleitos: José Caíres Araújo (564 votos), Francisco Isaias dos Santos (406 votos), Gerson Antônio dos Santos (373 votos), Eder Jakes Souza Aguiar (367 votos), Zilmar Coelho Chaves (364 votos), Norberto Flores de Caires (305 votos), Orlando Barbosa Caires Silva (282 votos), Valdete Lima Caíres (264 votos) e Ronaldo Sérgio da Silva (244 votos).
Rio de Contas – Prefeito eleito: Marcio de Oliveira Farias, do PMDB, com 4.509 votos, 51,91% dos votos válidos. Dr. Pedro, segundo colocado, teve 3.665 votos. Vereadores eleitos: José Carlos Pereira Bonfim (715 votos), Maria Magdalena Mafra Dantas (540 votos), Luciano Freitas Pierote (518 votos), Antônio Luiz Pinto Moreira (481 votos), Hudson Luz Pita (480 votos), Otaviano Nunes da Silva (464 votos), Vilson Amorim Oliveira (441 votos), Johny Abreu da Silva (310 votos) e Sebastião de Souza Pires (249 votos).
Jussiape – Prefeito eleito: Vagner Neves Freitas, com 3.697 votos, 67,55% dos votos válidos. Dr. Elpídio foi o segundo colocado com 1.722 votos. Vereadores eleitos: Jadiel Muniz Mendes (544 votos), Carlos Roberto Paiva Luz (437 votos), Vildomar Silva Luz (368 votos), Rodrigo da Silva Leite (352 votos), Adailton Silva Luz Sobrinho (351 votos), Elisio Carvalho Freitas (309 votos), Moacir Carvalho Leite (301 votos), Juscelino Barbosa de Carvalho (259 votos) e Gilberto dos Santos Freitas (249 votos).
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03.10.2008
Chegou a hora da decisão
Neste domingo, 5 de outubro, os cidadãos de todo Brasil escolherão os futuros prefeito, o vice e vereadores de seus municípios, mobilizando toda população brasileira. São mais de 5.000 municípios, no Brasil, e mais de 400, na Bahia.
Os eleitos nos representarão, por quatro anos, no Poder Executivo, que administra nossos interesses, e no Poder Legislativo, a Câmara de Vereadores, que fiscaliza os atos do prefeito e elabora as leis que regulam nossos interesses, o interesse público.
São funções da mais alta relevância e responsabilidade, exigindo pessoas preparadas e responsáveis. Na campanha eleitoral, os candidatos mostraram quem são. Se têm ou não competência para ocupar cargos tão importantes e cuidar dos nossos interesses.
Pelo modo como vivem, pelas suas condutas, o que fazem na vida, pela maneira como fizeram a campanha, já sabemos se são honestos ou não, se falaram sério ou se querem apenas um emprego fácil. Enfim, já conhecemos todos e sabemos qual é ou não digno do nosso voto.
Nesta festa da democracia, o voto é nossa única riqueza. Neste país, em que somos tão esquecidos e maltratados, principalmente os pobres, esse é o momento em que recebemos alguma atenção e temos algum valor. Portanto, não desperdice esse momento. Não desperdice o seu voto.
Vote em quem, de fato, no seu entender, merece e vai, realmente, trabalhar pela comunidade. Que Nossa Senhora do Livramento e Jesus cristo ilumine a todos nós, no momento de votar. Não venda seu voto, não vote em branco e nem anule seu voto! Tenha fé em Deus e vote consciente!
A cobertura da imprensa
Pela primeira vez em sua história, o processo eleitoral de Livramento de Nossa Senhora teve propaganda eleitoral no rádio e acompanhamento de veículos de comunicação locais, dentre eles o “O Mandacaru”. Embora nos propuséssemos apenas a abordar questões de fundo, nosso espaço esteve sempre aberto aos candidatos e a quem desejasse contribuir.
Recebemos valiosas colaborações dos nossos visitantes, através de alguns artigos e de mensagens via e-mails. Infelizmente, os candidatos não usaram o veículo como deveriam. Mesmo assim, provocamos os candidatos a prefeito, entregando-lhes diretamente uma proposta de entrevista.
O objetivo foi possibilitar que os eleitores pudessem conhecer melhor os planos dos que querem administrar o município. Dos três candidatos, somente Gerardo Júnior (PT) respondeu prontamente. Embora atrasada, Lia Leal (PSDB) também respondeu. Carlos Batista (PMDB) foi o único que não respondeu, privando os leitores de suas informações.
Das centenas de mensagens que recebemos, mais de 90% continham congratulações, mas nos chegaram também sugestões, críticas iradas, intimidações e até insultos. Nada, porém, nos abateu e temos certeza de que cumprimos nosso papel a contento, contribuindo com Livramento.
Nunca tivemos a pretensão, e nem isso seria saudável, de agradar a todos. Foi uma experiência enriquecedora, mas ao mesmo tempo triste, pela constatação de que a causa da maioria das nossas mazelas sociais está também no comportamento das pessoas e não somente na conduta dos maus políticos.
Indigência e miséria morais
Nos chamaram a atenção, particularmente, as denúncias de troca de votos por dinheiro e, principalmente, por materiais de construção, em que se evidenciam a miséria material e espiritual dos que vedem e a sordidez e miséria espiritual dos que compram.
Se a necessidade dessas doações é tão premente e tão abrangente, como a justificar a corrupção da consciência do receptor e a que o doador conspurque seu mandato, mesmo antes de ocupá-lo, por que então não supri-la com políticas públicas que erradiquem de vez, e de forma legal, esse estado de necessidade dos eleitores.
Mas, se a questão for de indigência moral, a imoralidade está dos dois lados. Então, infelizmente, ainda estamos muito distante de uma solução.
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