03.02.2008
Os óbvios cenários eleitorais
A festa em louvor a São Gonçalo da Canabrava, dia 28 de janeiro, acendeu um pouco o debate político em Livramento de Nossa Senhora, onde os políticos foram testar a popularidade e tentar atrair simpatizantes, como na Lavagem do Bonfim, em Salvador. Quem foi à festa, onde o lado profano sobrepõe-se ao religioso, com muita bebedeira, confirma que a distribuição gratuita de cervejas, pelos futuros candidatos a prefeitos, correu solta. E a popularidade de cada um foi medida pelo assédio aos postos de entrega da bebida. Como resultado, o que se pode apurar é que cada lado saiu apregoando vantagens para o seu grupo.
De qualquer modo, os cenários já estão postos, com pouca margem para desvios e outras interpretações. Os favoritos continuam os mesmos: Carlos Batista, Emerson Leal e Paulo Azevedo. O que se pode dizer com certeza, se as carruagens mantiverem-se na atual marcha, é que um dos três será o próximo prefeito do município. O que sobra para especulação é a medição do posicionamento de outros pretendentes que vem comendo pelas beiradas, com chances quase zero, salvo se conseguirem o milagre de serem apadrinhados por um dos três citadas acima.
Aparentemente, política não tem lógica, nem políticos têm sentimentos. Mas na hora de analisar, os únicos recursos de que o analista dispõe são a lógica e o sentir. Com base nisso, podemos dizer o que seria e o que não seria lógico. No momento, por exemplo, não seria lógico acreditar que pretendentes emergentes como Gerardo Júnior, do PT, e João Cambuí, do PC do B, possam crescer tanto a ponto de vencer os três favoritos. A partir daí, torna-se obrigatório admitir que a tendência dos mesmos, salvo se optarem pelo suicídio político, é aderir a uma das três forças com chances.
Em tais circunstâncias, só poderiam reivindicar, como contrapartida pela adesão, uma posição de vice ou cargos na Administração, se vitoriosos nas eleições. Sendo assim, nem Júnior nem Cambuí retornaria ao berço espinhoso de onde foram catapultados, ou seja, os braços de Carlão. Como o favorito Paulo Azevedo é do DEM, oposição a Jaques Wagner, não há qualquer exagero em dizer que Júnior e Cambuí caminham para a companhia de Emerson Leal, hoje no PSDB, partido mais confiável para o governador do que o PMDB de Geddel Vieira Lima, notório concorrente ao vazio deixado por Antônio Carlos Magalhães, na política baiana.
O ministro foi para a campanha de Wagner a fim de não ficar isolado, à época. Assim, jamais terá a simpatia e muito menos o apoio de Wagner, que tende a aparentar neutralidade, em relação a Livramento, mas que, apostamos, moverá todos os pauzinhos em favor do PSDB. Na Capital, ele já deu sinais disso, ao fazer elogios expressos às potencialidades de Antônio Imbassahy, do PSDB. Admitido este cenário, ou seja, Emerson, Gerardo Júnior e João Cambuí juntos, sobram Carlão e Paulo Azevedo, empatados no mesmo querer: o cargo de Prefeito, um querendo não sair e o outro querendo entrar.
Nesse ponto, a conjectura fica mais difícil, mas nem tanto. Paulo Azevedo vai continuar como quem se julga assediado, olhando para um lado e para o outro, confiante em ACM Neto, do DEM, até as vésperas da definição das candidaturas. Se houver tendências que o coloquem acima de Carlão na preferência do eleitor, vai propor a união, mas reivindicando a cabeça de chapa. Se o preferido entre os dois for o prefeito, Dr. Paulo só terá duas saídas: a vice ou lançar a própria candidatura. Estamos, no caso, descartando, claro, a possibilidade de ele correr para o lado do Emerson Leal ou de desistir.
No meio desse caldo, há ainda uma pimenta a ser digerida, sem muita importância, mas que pode gerar boas discussões. É o atual racha no diretório municipal do PT que, se não for equacionado até o momento da definição dos candidatos, vai colocar duas lideranças em posição difícil. Trata-se do ex-presidente Enésio Oliveira e de Hugolino Lima, atualmente em briga com o presidente Ricardo Matias. Ricardo seguirá Gerardo Júnior e, se o racha persistir, irá sem aquelas duas fortes lideranças, que ficarão à procura de uma porta para bater. E, pelas suas tradições e perfis, dificilmente baterão em qualquer das três portas representadas pelos candidatos aqui considerados favoritos.
Por fim, é bom lembrar que são apenas projeções, mas com forte aproximação da realidade. Cenários, aliás, pouco condizentes com os anseios e necessidades do município, que ainda não tem um planejamento para o futuro.
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Desunião no PT
Pelos menos em 70 municípios baianos encontra-se suspensa a posse dos novos integrantes do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores, em razão de recursos interpostos por militantes insatisfeitos com as últimas eleições e pendentes de julgamento pelo Diretório Nacional. Entre esses municípios, estão Salvador, Mortugaba e Livramento de Nossa Senhora. Em Livramento, o recurso foi interposto pelo ex-presidente do diretório, Enésio Oliveira, e o militante Hugolino Lima, que entraram em rota de colisão com o presidente Ricardo Matias. Essa briga pode embolar as possibilidades de coligação do partido nas próximas eleições municipais.
Decisões obrigadas
O prefeito Carlos Batista, de Livramento de Nossa Senhora, vem sendo compelido por decisões judiciais ou recomendações do Ministério Público a tomar decisões contra as quais vinha resistindo. Uma delas foi a investidura, no cargo de Professor Nível Superior-Matemática, por força do mandado de segurança, nº. 1736381-6/2007, de Edite Pereira de Aguiar, que a mesma impetrou perante a Justiça local. Outra decisão foi o pagamento de um terço das férias aos professores municipais, cuja relutância em pagar foi denunciada pela categoria ao Ministério Público.
Herança de Lourival
O hoje desembargador Lourival de Almeida Trindade militou por muitos anos nas hostes políticas e advocatícias da região de Livramento de Nossa Senhora. Teve uma disputada banca de advocacia, principalmente na área criminal; assessorou vários órgãos públicos municipais e, por algumas vezes, disputou eleições, formando um enorme patrimônio eleitoral e profissional. Com sua posse no Tribunal de Justiça da Bahia, tem muita gente querendo herdar esse “espólio”. O que certamente vai faltar é gente com sua qualificação e méritos para pretender a expressiva herança.
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