As pequenas barragens alimentam lençol freático e os aquíferos
Barraginha é nova
arma contra seca
Recebemos do conterrâneo José de Castro Meira, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), exemplar da edição de maio último do jornal “Folha do Meio Ambiente”, editado em Brasília-DF, com a seguinte sugestão: “Caro Dr. Raimundo Marinho: Examine, por favor, a página 14 para verificar sua exeqüibilidade em algumas áreas secas de nosso município e outras regiões. Pareceu-me um instrumento prático e barato para ser utilizado como forma de permitir a melhor exploração econômica de algumas áreas nossas”. O assunto tratado pelo jornal e referido pelo ministro está contido na reportagem “Barraginhas: as águas vão rolar! Piauí constrói as primeiras mil barraginhas”.
A matéria fala de um projeto, nascido “há 11 anos na Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas-MG, e visa a criação de áreas úmidas para facilitar o plantio de verduras, grãos e mudas frutíferas e melhorar as condições de vida da população”. Foi lançado pelo governo do Piauí, com apoio da Embrapa e do Programa Permanente de Convivência com o Semi-Árido, estando prevista a construção de 3.600 unidades na zona rural de 12 municípios daquele estado, das quais, 1.000 já estão prontas. Depoimentos reproduzidos pela reportagem confirmam o sucesso da iniciativa e apontam os resultados positivos alcançados, consolidando, assim, como uma solução simples e barata para o semi-árido do Nordeste.
Fim dos carros pipas
Um dos depoimentos é do agrônomo Luciano Cordoval de Barros, pesquisador e autor da tecnologia das barraginhas, para quem se trata de uma “forma de libertar o nordestino do sertão da dependência dos caminhões pipas”, garantindo que “cada barraginha transfere para o solo o equivalente a 150 caminhões pipa” de água. Trata-se de um mini-barramento construído na frente de cada enxurrada, em forma de meia-lua, com 15 metros de diâmetro por 1,5 a 2 de profundidade, que podem ser espalhados nas pastagens e beira de estradas. Serve para recolher toda água que cai da chuva, que se infiltra na terra, repetindo-se de 10 a 12 vezes durante o ciclo chuvoso.
As barraginhas seguram as enxurradas, inibem o processo erosivo e alimentam o lençol freático e os aqüíferos, tornando a terra úmida e agricultável. No caso de Livramento, onde a Asamil já executa o projeto das cisternas rurais e barragens subterrâneas, certamente será um poderoso instrumento para o combate ao flagelo das secas. Fica, então a informação e a sugestão ao prefeito local e de municípios vizinhos. Ao invés de mendigar os famigerados carros pipas, que têm mais finalidades eleitoreiras do que de solução real para o problema, devem implementar esses projetos, que pouco ou quase nada dependem da ajuda do estado ou da União. É mais uma forma de libertação dos municípios situados no “polígno da seca”.
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