O comovido adeus dos
fiéis a D. Hélio Paschoal

Uma multidão enternecida de fiéis circulou pela Catedral de Livramento de Nossa Senhora, durante dois dias, para dar seu último adeus ao bispo D. Hélio Paschoal, sepultado no interior da basílica, em 25 de novembro deste ano, após concelebração eucarística, de corpo presente, dirigida pelo arcebispo metropolitano Geraldo Lírio Rocha, de Vitória da Conquista, coadjuvado por cinco bispos diocesanos, entre eles D. Armando Bucciol, da diocese de Livramento. D. Hélio vinha com a saúde precária há muito tempo e faleceu, dia 21 deste, na cidade de Campinas-SP, após se submeter a uma delicada intervenção cirúrgica, sendo o corpo trasladado para Livramento dia 23, onde foi velado com todas as honras eclesiásticas.

Hélio Paschoal, então padre da paróquia de Barretos, em São Paulo , e pertencente à congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo, assumiu, em 23 de julho de 1967, como seu primeiro bispo, a Diocese de Livramento de Nossa Senhora-Ba, criada em 27 de fevereiro do mesmo ano, pela bula "Qui Divina Liberalitate", do papa Paulo VI. Exerceu seu pastoreio por 36 anos e, ao completar a idade limite para o exercício da função, afastou-se por renúncia. Em seu lugar, assumiu o atual bispo, D. Armando Bucciol, de nacionalidade italiana, mas há 13 anos no Brasil, que tomou posse em 18 de abril de 2004 como o segundo bispo da diocese. D. Hélio, entretanto, permaneceu na diocese, como bispo emérito.

D. Hélio entrou para a história da Igreja e de Livramento, como primeiro titular da diocese local, onde realizou trabalho desbravador, como foi lembrado durante a concelebração. Recusou heroicamente o conforto e a comodidade de uma região desenvolvida (São Paulo) e permaneceu no sertão, tendo se identificado de forma profunda e abnegada com as carências, a simplicidade e a forte religiosidade do sertanejo. De tal modo se apegou e se afeiçoou à paisagem nordestina que um dos seus últimos desejos foi que fosse sepultado em Livramento de Nossa Senhora, ao que sua família acedeu generosa e compreensivamente. E teve o carinho do povo como recompensa pela sua abnegação.

Orador vibrante e persuasivo, de timbre agradável e comovedor, D. Hélio Paschoal será lembrado também pelo conteúdo de uma obra de difícil realização, posto que iniciada numa região mais inóspita ainda do que hoje e praticamente abandonada, o que soube driblar e, de certo modo, vencer. Sua função de pastor envolveu o comando de uma comunidade religiosa que abrange 20 municípios, 24.890 quilômetros quadrados e população aproximada de 300 mil habitantes. Números suficientes para dimensionar a grandeza da ação evangelizadora que implementou, exigindo, como ele mesmo salientou, certa vez, observância tanto das necessidades espirituais como das materiais, estas por vezes bem mais salientes e angustiosas, ante um sertão de tantas mazelas.

Participaram das exéquias padres, diáconos e outros representantes das várias paróquias que compõem a Diocese. Durante a missa, foram lidas as mensagens de condolências enviadas ao bispo D. Armando Bucciol, entre elas a do Papa Bento XVI, subscrita pelo secretário geral do Vaticano. Representando os munícipes em geral de Livramento, o prefeito Carlos Roberto Souto Batista fez um pronunciamento marcado pela sensibilidade, no qual realçou a magnitude do trabalho espiritual e material de D. Hélio para a região e transmitiu também as condolências recomendadas pelo governador do Estado da Bahia, Paulo Ganem Souto. O ponto alto da comoção popular ocorreu logo após a missa, no momento da encomendação do corpo, seguida da inumação, no interior da Catedral.

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Alunos da Escola D. Pedro II, no Taquari, saudaram passagem do esquife

Os fiéis enfrentaram longas filas para ver o corpo e assistir aos funerais de D. Hélio

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Um colégio e seis bispos e arcebispos e dezenas de padres realizaram a concelebração

O ponto alto da comoção foi no momento em que o corpo do bispo foi baixado à sepultura