O Mandacaru

Ex-secretário alerta que governo
caminha para o "sem rumo"

Dr. Gerardo Azevedo Júnior, 36 anos, formado em Odontologia pela Universidade Federal da Bahia-UFBA, em 1992, ex-secretário da Saúde de Livramento de Nossa Senhora, descende de família tradicional, mas deu muito duro na vida. Filho de D. Maria da Glória Rego Azevedo e Gerardo Azevedo Silva, ficou órfão de pai e mãe aos oito anos. Casado com D. Bethânia, tem um filho de seis anos, às vésperas do segundo. Político de esquerda e petista de carteirinha, planeja ser deputado estadual nas eleições deste ano, pretendendo levar

para o mandato experiências que vão dos movimentos estudantis à longa militância no PT, "desde a primeira eleição do companheiro Lula". Em Livramento, colaborou para unir Carlos Batista e Lourival Trindade. Ajudou nas eleições de Marilho Matias e Ricardo Matias, como vereadores. Por fim, teve participação decisiva na campanha que levou "Carlão" a sentar-se na cadeira de prefeito de Livramento. Concilia as atividades de dentista e de agricultor orgânico. Exonerado pelo prefeito do cargo de Secretário da Saúde do município, por motivos políticos, foi o pivô da expulsão do PT da coligação governista, como parte do plano do alcaide de se livrar dos partidos de esquerda. Diante da polêmica que surgiu em torno deste assunto, "O Mandacaru" propôs ao Dr. Gerardo a entrevista a seguir, concedida ao jornalista Raimundo Marinho.

O Mandacaru - Quais as verdadeiras razões da sua exoneração do cargo de Secretário da Saúde de Livramento?

Gerardo Júnior - Sempre tive boa relação com o prefeito Carlão ( Carlos Roberto Souto Batista ). No início, foi transparente e havia perspectiva de desenvolvimento de boa gestão na saúde pública e na administração como um todo. Pensei que realmente os partidos juntos iriam transformar de fato nosso Livramento. A democracia estava implantada. Aí, começou o retrocesso. Fofocas de pessoas próximas ao prefeito, personalistas, antidemocráticas, que só querem o bem próprio e de um grupo político. Acho que aí começou de fato a "cassarem" a minha cabeça. Acho que o PT ( Partido dos Trabalhadores ) e nosso Deputado Guilherme Menezes incomodam aquelas pessoas. A saúde em Livramento tinha um projeto sólido, que estava atendendo a todos de forma igualitária e respeitosa, com liberdade político-social e sem perseguições. Os servidores da saúde e toda população tiveram seu valor reconhecido e puderam descobrir que são gente e têm o direito de ir e vir, de pensar e dialogar livremente. Então, ocorreu minha exoneração. Dizem muitas coisas por aí. Faz parte de um jogo político sujo, contra o qual sempre lutei. Estou aberto ao diálogo, a qualquer pessoa que tenha alguma dúvida. Todos me conhecem e sabem do meu trabalho à frente daquela Secretaria, que foi pautado na ética, transparência, dignidade, democracia, respeito, sempre buscando o melhor para todos, sem distinção. A exoneração foi "politicagem" pura! Como puderam esquecer toda uma história, um trabalho sério, conciso e elogiado por todos? Usaram-nos só para vencer as eleições? Como diz meu amigo e deputado Zílton Rocha, "é assim mesmo, quando surge mais uma estrela, inventam mentiras, tentam levá-la ao esquecimento. Demitem por competência, tentando enganar o povo.... Foi isso! Foi aquilo!....". Acho que isso realmente é verdade. Basta ver na inauguração do CEO ( Centro de Especialidades Odontológicas ), de cujo projeto o PT foi o mentor, mas que sequer recebeu um singelo agradecimento. Plantamos muito em 2005 e os frutos serão colhidos. Vão tentar nos levar ao esquecimento mais uma vez. Todavia, como sou contrário ao ditado segundo o qual o "povo tem memória curta", espero que esse projeto jamais seja esquecido.

O Mandacaru - O senhor foi indicado por conta da cota de participação do Partido dos Trabalhadores (PT) no governo municipal, por ter integrado a coligação "União, Trabalho e Participação", liderada por "Carlão". Como médico que é, o que Dr. Carlos Souto Batista viu de errado na sua gestão à frente da pasta da Saúde, a ponto de exonerá-lo?

Gerardo Júnior - Pelo que eu saiba, Dr. Carlos elogiou e reconheceu muito meu trabalho, inclusive em nível de Bahia. A CIB-Comissão Intergestora Bipartite que o diga. Fui eleito como Secretário Geral do CONER-Conselho Regional de Secretários da macro-região sudoeste e também como membro da CIB, representando a microrregião de Brumado. Nunca Livramento foi tão longe na área da saúde. Acho que ele, como médico, nada viu de errado, pois não basta ser médico para entender e conhecer a complexidade das políticas de saúde pública. Veja que Livramento já teve médicos como secretários da saúde e não percebi, ao longo dos anos, mudança real no sistema. Assim (não vou levar ninguém ao esquecimento), o prefeito deu-me a oportunidade de capacitação. Por tudo isso, que estudei muito em 2005 e conclui minha especialização em Economia na Gestão dos Sistemas de Saúde, no ISC (Instituto de Saúde Coletiva) da UFBA. Jorge Solla e várias autoridades passaram por lá. Tive médico colega e vários servidores da SESAB. Diziam: "ser médico, ajuda. Ser gestor da saúde pública, é outra coisa." A grande maioria dos gestores da saúde que conheci não são médicos. Dizem que o prefeito vai contratar ou já contratou assessoria em saúde para continuar os trabalhos propostos por nós.

O Mandacaru - É de conhecimento público que o senhor foi contra o "Carlão" na cabeça da chapa, que veio a ser vitoriosa, apoiada pelo PT, mas acabou sendo voto vencido. Um dos seus argumentos teria sido o fato do médico ter um pensamento retrógrado e nenhuma competência para administrar. Como o senhor avalia hoje a gestão do atual prefeito?

Gerardo Júnior - Não é bem assim. Sobre competência para administrar, nunca falei isto, pois Carlão nunca tinha sido prefeito e não podemos julgar algo que ainda não aconteceu. Mesmo com essas demonstrações ruins, vamos esperar para dar um diagnóstico mais preciso. Achava, e os acontecimentos recentes provam que eu estava certo, que muitas das pessoas próximas ao prefeito é que são realmente retrógradas, pois não aceitam as diferenças que existe entre os seres humanos. Tiraram o PT da Secretaria da Saúde, sem o mínimo de diálogo. Eu era apenas secretário, cargo de confiança pessoal, e poderia ser exonerado, o que é plenamente normal, mas poderia continuar com o PT na administração, respeitando nossas propostas de trabalho, como fora feito antes, e respeitando os acordos pré-eleitorais. Na hora de pedir apoio para ganhar as eleições, procuraram diálogo com nossos deputados e vários membros do PT. Então, porque não continuaram fazendo isto? A gestão atual está caminhando para o "sem rumo". Não há um planejamento estratégico, não há gestão participativa. Mas eu pergunto: quem consegue governar, ouvindo tantas fofocas como se fossem verdades?

O Mandacaru - Quais as mazelas que o senhor encontrou, no âmbito da saúde, em Livramento, o que conseguiu melhorar e o que ainda existe para ser melhorado? Quais os principais problemas sanitários enfrentados hoje pelo município? Quais as propostas para resolvê-los?

Gerardo Júnior - A pergunta requer um relatório de gestão, para respondê-la. Tentarei resumir. Logo que assumi a SMS, o Hospital encontrava-se praticamente fechado. Carros quebrados, só uma ambulância funcionando e de forma precária; havia um sistema viciado e desorganizado. Consertamos os carros, contratamos médicos, nutricionista, pediatra de sobreaviso, regularizamos os exames laboratoriais e começamos a fazer mais tipos de exames, principalmente para as gestantes, como o HIV. Além disso, trouxemos a ambulância semi-UTI, que está salvando muitas vidas, melhorando, assim, o atendimento hospitalar. Mas faltam enfermeiras, principalmente à noite; especialista em obstetrícia e um urologista; assim como leitos para atendimento psiquiátrico. Também o plantão médico noturno ainda deixa a desejar e o sistema de transfusões de sangue é arcaico. Falta ainda um bom administrador hospitalar de nível superior; sendo necessário reformar e reequipar todo o estabelecimento. Diante disso, eu havia convidado o Sr. Washington Luiz Silva Couto, do Ministério da Saúde, para visitar o sistema de saúde de Livramento. Também detectamos erros e elaboramos vários projetos, na gestão dos ministros Humberto Costa e Jorge Solla, da Saúde. Três desses projetos estão com pareceres aprovados, aguardando liberação, para aquisição de duas ambulâncias, reforma e re-equipamento do hospital. A vigilância epidemiológica estava precária e conseguimos melhorar, mas ainda é um dos pontos fracos da Secretaria da Saúde. A vigilância sanitária praticamente não existia e colocamos para funcionar, trazendo profissionais experientes de Vitória da Conquista. A farmácia básica ainda é muito deficiente e, em razão disso, fizemos o Projeto da Farmácia Popular do Governo Federal, que iria ajudar principalmente aos mais necessitados. Melhoramos os programas implantados no município, como o Hiperdia (diabetes e hipertensos) e saúde da mulher, assim como os indicadores em saúde do município, a exemplo da taxa de mortalidade infantil, que, mesmo assim ainda, ainda é alta (30 por mil nascidos vivos). Em verdade, apesar de tudo que fizemos, é necessário organizar o sistema de saúde de Livramento como um todo. Fiz muitas tentativas, mas não tive autonomia suficiente para trabalhar, como foi o caso da Gestão Plena, que lutei muito para trazer, fomos pioneiros no projeto na região, mas perdemos para Brumado, onde já foi implantada e também já adiantou a repactuação ( para trazer os projetos ), enquanto só agora dizem é que a Prefeitura de Livramento está buscando assessorias para implementar tais projetos. Necessitamos de uma Central de Marcação de Consultas, Auditoria e Regulação, para a qual já tínhamos feito até orçamento, o que possibilitaria uma economia mensal de recursos. Isto não pode ser considerado gasto e sim investimento. Livramento ainda tem problemas sanitários elementares, como esgoto a céu aberto, ruas sem saneamento básico, centenas de famílias com instalações mínimas adequadas em suas casas, a exemplo de banheiro e água de boa qualidade para beber. O nosso matadouro ainda deixa a desejar; os alimentos que chegam a nossa cidade são fiscalizados precariamente. Como solução, o município tem que ter um planejamento, com metas definidas, e implantar seu plano diretor urbano e que seja compatível com seu atual estágio de desenvolvimento e as devidas projeções para o médio e longo prazos, um planejamento para, no mínimo, 10 a 20 anos. Não é um PDU feito de última hora. Entre nossos esforços à frente da SMS estavam a vinda de profissionais do ISC para realizar um diagnóstico em saúde, criando um banco de dados próprio do município, com um programa de custos, inclusive plano plurianual, contemplando as reais necessidades do município. Trabalhamos muito, mas ficamos à míngua de um planejamento, sem o qual nunca é possível equacionar os recursos, que sempre vão faltar. A gestão anterior teve muito dinheiro, mas negava. A gestão atual tem menos, mas também se queixa que não tem. Sem organização e planejamento, não há dinheiro que chegue. Uma das prioridades na área da saúde, em Livramento, é a necessidade de investimentos em educação sanitária. A saúde bucal, que teve Dr. Tânia Maria Rabelo Matias, como Coordenadora, sem ganhar nada por isso, esposa do Vereador Dr. Ricardo Matias, é exemplo disto. O nosso município caminhava para se tornar uma referência. Conseguimos, com muita luta, o CEO. Não está funcionando como deveria. Disseram-me que o Centro de Saúde não está prestando mais atendimento odontológico. Barrinha também. Isto não pode acontecer depois de tanto trabalho. Nesses estabelecimentos de saúde, são realizados procedimentos básicos, essenciais. O CEO é um centro especializado, onde são feitos, principalmente, procedimentos mais complexos e tem suas normas determinadas pelo Ministério da Saúde. A atenção básica e a prevenção jamais poderão ser esquecidas. O que deveria ser feito era aumentar o número de equipes de saúde bucal na sede e na zona rural. O Programa de Saúde da Família - PSF também não está sendo satisfatório e precisam ser melhorados e ter mais equipes, levando a saúde para regiões ainda carentes do município. O cenário da saúde em Livramento é complexo e, para mudar, é preciso que se apague a fogueira das vaidades e, com muita maturidade e humildade, os responsáveis se disponham a conversar com todos segmentos da sociedade, indistintamente, para ouvir, debater e traçar metas que favoreçam a toda a população, principalmente os segmentos mais necessitados. Entendo que estamos todos sujeitos a erros, somos humanos, mas o diálogo ajuda a errar menos. Não vou levar ninguém ao esquecimento e, por isso, agradeço ao prefeito, Dr. Carlos, pela oportunidade na gestão, dada ao PT em 2005, muito justa, por sinal, pelo quanto o partido lutou nestes últimos anos ( clique aqui para ver resumo do relatório - na verdade, um plano de governo ).

O Mandacaru - O município de Livramento está no terceiro mandato consecutivo tendo como prefeito um médico e o hospital local tem praticamente a mesma estrutura de cerca de 50 anos atrás, quando foi construído. Até a transfusão de sangue ainda é feita pelo medieval sistema "braço a braço". Como se explica isso e como transformá-lo num hospital de base?

Gerardo Júnior - Lutamos muito na CIB para trazer o Hemocentro para Livramento. Foi motivos de muitas discussões minha com o Secretário da Saúde do Estado e o Presidente do Cosems (Conselho de Secretários Municipais de Saúde). Acho que os equipamentos já estão no Hospital. É como eu disse anteriormente. Tentamos transformar Livramento em um Centro de Referência em Saúde. Mostramos os caminhos, mas, infelizmente para nós, Brumado passou na frente, pensou no futuro e investiu firmemente na saúde. Espero que com a minha exoneração e a expulsão do PT da administração, as ciumeiras e as fofocas e futricas acabem e o nosso prefeito corra atrás do tempo perdido. Não tinha dinheiro, mas vai gastar muito mais agora. E os resultados serão os mesmos? O nosso povo vai continuar viajando para se submeter, em Brumado, Conquista ou Salvador, a procedimentos que poderiam ser feitos aqui? A pactuação é agora. Já tínhamos tudo planejado.

O Mandacaru - O senhor pretende candidatar-se a deputado estadual (ou federal) este ano. Nós já temos um exemplo frustrante de conterrâneo deputado (Nelson Leal). Certamente o senhor não vai querer ser mais um. Como planeja convencer os eleitores de Livramento a votar no senhor?

Gerardo Júnior - Como fui na saúde, em apenas um ano, como Deputado, com certeza, não vou ser mais um. O povo já sabe e viu quem está querendo trabalhar de fato para o município e sempre foi coerente, como demonstrado nesse ano em que estive no poder, aqui em Livramento, mais quase quatro anos com Lula e quase 12 anos com Guilherme Menezes ( deputado federal pelo PT-Ba ). Poderia muito bem está usufruindo das benesses a que certamente teria acesso em face dos relacionamentos conquistados nessa trajetória. Mas vou continuar sendo o mesmo. Vou de um em um levar minha mensagem e tenho convicção que os livramentenses confiam na minha pessoa e sabem do meu compromisso. Não esperava ser candidato, mas os fatos levaram-me a isto. Vejo o episódio da minha exoneração e conseqüente expulsão do PT do governo municipal como uma grande traição para comigo, com o partido, seus simpatizantes e todos que esperavam ver cumpridos os acordos políticos celebrados visando concretizar projetos voltados para a construção de uma Livramento melhor.

O Mandacaru - Em evento recente realizado em Livramento, ao inaugurar a sede do diretório local, o PT mostrou que é um partido forte na região. Mesmo assim, foi defenestrado do poder municipal, pelo prefeito Carlos Souto Batista. Essa força vai para oposição ou há desejos de uma reconciliação?

Gerardo Júnior - Fizemos muitos compromissos com o povo. Quando coligamos, mesmo sendo contra, não foi só para ganhar as eleições. A partir do momento em que o PT definiu-se pela união e que, dentre outras coisas, a Secretaria da Saúde ficaria com o partido, estabelecemos metas, inclusive para a reeleição de Carlão. Sou muito tranqüilo e não guardo rancor. Deixo isto para os que nunca passaram pelo que eu já passei nesta vida e acham que nunca vão precisar de ninguém. Por isso, não posso falar que dessa água não beberei. Se for para mudar realmente, com autonomia e liberdade, talvez sim. Mas, pelo andar da carruagem, muitos que integram o grupo do Prefeito não querem ninguém junto com eles. A prova é que jogaram fora grandes quadros, os quais aguardaram quase 20 anos para mostrar seu trabalho, como Maria do Livramento Dourado ( Lili ), na cultura; Dr. Tânia Maria Rabello Matias, na Saúde Bucal; vereador Dr. Ricardo Matias; Enésio Soares de Oliveira ( Bolinha ); Hugolino Lima, líder comunitário; Vitório Novaes Rocha, da ASA, etc. Faremos, então, uma oposição coerente, forte, sem fofocas, com projetos, tentando mostrar ao povo o caminho da liberdade e do progresso.

O Mandacaru - Até hoje o prefeito Carlão não divulgou um plano de governo consistente para Livramento e não é divulgado o orçamento municipal, com a devida transparência. Qual o plano de governo e o plano político do PT para o município?

Gerardo Júnior - Somos a favor do que foi dito na campanha. Painel eletrônico no primeiro dia de governo. Fazer um portal da transparência. Mostrar ao povo o que arrecada e o que gasta. Na saúde, até hoje, não foi prestado contas ao Conselho Municipal de Saúde. É preciso implantar o orçamento participativo! O PT tem plano de governo para Livramento, como demonstrou na saúde. O plano da cultura, da área social, da agricultura, da educação, esporte etc. Estamos implementando este projeto, com a participação popular e toda a sociedade organizada. Como disse anteriormente, se chama "O Sonho dos Livramentenses". O PT não tinha planos políticos imediatos para candidaturas de filhos da terra a deputado, para prefeito etc. Queríamos fortalecer o partido, elegendo mais vereadores comprometidos com as causas populares e tentar reeleger Carlão ( prefeito Carlos Roberto Souto Batista ). Posso dizer isto com certeza absoluta, quem mais estava e iria apoiá-lo em 2008 seria o PT; acho que até mais do que o próprio PMDB. Talvez por isso fofocaram e inventaram tanto, até conseguirem nos expulsar, pois várias lideranças do PMDB queriam e querem outro candidato e não o Carlão. Desta forma, o PT anda em grande debate interno, repensando seu projeto político para Livramento. A "ressaca" ainda está passando.

O Mandacaru - De que maneira a verticalização ( medida do TRE que obriga as bases à mesma composição partidária feita na cúpula ) prejudica ou favorece o PT em Livramento?

Gerardo Júnior - Para o PT de Livramento não mudará nada. O que o PT nacional e o nosso companheiro Presidente Lula decidirem estaremos juntos para ajudar a levar o projeto de governo adiante. O Brasil não pode retroceder.

O Mandacaru - O discurso do PT, na Câmara Municipal, vai pender para a situação, para a oposição ou para a bancada do silêncio? Ou vai ser típico de franco atirador? Qual vai ser a estratégia, agora que não faz mais parte do governo "União, Trabalho e Participação"?

Gerardo Júnior - O nosso Vereador Dr. Ricardo tem seu discurso próprio e abrange também o que o PT planeja. O PT vai continuar sendo o que é. Vai fazer oposição franca, responsável, sempre ouvindo os filiados e o povo em geral. A veemência depende dos fatos, mas sempre com coerência. Dr. Ricardo nunca fez mal a ninguém. Simplesmente é muito franco e sincero. Mas, se ele não fosse assim, diferentemente de alguns, será quem seria o atual prefeito de Livramento? Muitos deveriam ouvi-lo mais. Mas, infelizmente, vários políticos levam para o lado pessoal e esquecem da verdadeira essência da política pública. O resto é "queimação política mesmo".

O Mandacaru - O Padre Bené, da paróquia de Taquari, em Livramento, também planeja ser candidato a deputado estadual, assim como o senhor. Isso não reduz as possibilidades de um ou outro ser eleito? Ou seja, não seria melhor concentrar esforços numa candidatura só?

Gerardo Júnior - Não tenho dúvida disto. Estou pronto também para apoiar o nosso companheiro padre Bené. Tem prestado muito trabalho à sociedade, principalmente aos mais carentes. É mais uma estrela que está pronta para ajudar o povo. Já tentaram também denegrir a sua pessoa e levá-lo ao esquecimento, mas não vão conseguir. É uma pessoa de personalidade e de bom caráter e que tem a tendência de ajudar o próximo. Também não será esquecido.

O Mandacaru - Em regiões atrasadas semelhantes a Livramento, como substituir o saco de cimento, a "certa básica", em fim, o favor, a compra de votos, pela consciência cívica e democrática, pela coragem e pela cidadania? Quando os políticos vão se envergonhar de exercer um mandato comprado de miseráveis eleitores? Quando vão debater abertamente estas questões? Quando serão substituídas as torcidas organizadas dos vergonhosos "15" e "25" por uma sociedade verdadeiramente organizada?

Gerardo Júnior - Este é o grande problema. Estes políticos que o senhor se refere não querem a transparência. Temos que investir muito em movimentos sociais, fortalecer os sindicatos, formar grupos de jovens, mulheres, vamos disseminar a educação em todos os sentidos, desenvolvendo políticas públicas auto-sustentáveis. O povo precisa saber que é gente e não pode ser lembrado de quatro em quatro anos, ou de dois em dois. Temos que lutar para ter concursos públicos sérios, para dar prosperidade e respeito aos funcionários. Quando a sociedade descobrir que não deve nada a político nenhum, descobrirá também que pode mudar o nosso município, elegendo pessoas descomprometidas com o capital e que usam a política como bem próprio. Aí sim, o povo pode bater na porta e exigir: "Preciso de saneamento básico porque pago imposto para isso e é o meu direito. Te elegemos para isto." As torcidas se unirão para o bem comum.

Muito obrigado pela oportunidade e que o senhor continue sempre com este caminho da imparcialidade, levando ao nosso povo querido as informações necessárias para o bom desenvolvimento. Um forte abraço a todos e parabéns aos funcionários que tanto lutaram para que a saúde desse certo na minha gestão como titular da Secretaria Municipal da Saúde, na Administração "União, Trabalho e Participação". _____________________________________________________

Tapa no eleitor........................................................................

Imaginou-se, diante da reação negativa da população à vergonhosa sessão relâmpago, de 20 minutos, dia 6 de março, que os vereadores de Livramento fossem retornar ao trabalho, com disposição e fazendo jus ao mandato, na sessão seguinte, 13 de março. Ledo engano, fizeram pior, não foram trabalhar, com exceção de três deles (Ricardo Matias, Paulo Lessa e Paulo César), todos da oposição, que discordaram da indecorosa proposta dos demais de faltarem coletivamente. A desculpa esfarrapada para a ausência seria que dois deles, da situação (Márcio Leandro Araújo e João Louzada Araújo), simplesmente não queriam se deslocar, naquele dia, de Itanajé para a sede e teriam proposto que todos, então, faltassem. Demais faltosos: Marilho Matias, presidente da casa, Everaldo Gomes, Ilídio Castro e Zeferino Wagner.

Cópia infiel da AL..................................................................

Embora distante da capital baiana mais de 700 quilômetros, a Câmara de Livramento de Nossa Senhora tornou-se, na versão tupiniquim, uma cópia infiel da Assembléia Legislativa do Estado, pois lá os deputados ainda não decidiram trabalhar este ano, mas continuam embolsando, custeado pelo povo, o polpudo salário de R$9 mil por mês, fora as mordomias, que chegam a quase 10 vezes os vencimentos. Os eleitores precisam ficar atentos, pois esses mesmos cidadãos vão pedir seus votos, com certeza, nas próximas eleições, tanto os deputados, já este ano, quanto os vereadores, daqui a dois anos.

Uma sessão histórica.......................................................

Claro que os três heróicos vereadores, presentes à sessão do dia 13 de março, não compareceram somente por amor ao trabalho, mas também para aproveitar a oportunidade de ouro que tiveram para tripudiar os colegas situacionistas e os quase situacionistas, tanto que se refestelaram gostosamente na Mesa Diretora, com o vereador Ricardo Mastias, que é secretá rio da casa, no comando. Não puderam discutir nem votar matérias, por falta de quorum legal, mas tiveram todo o tempo da sessão para discursar. Foi uma reunião histórica, pois, como justificou o presidente Marilho Matias, na sessão seguinte, "nunca mais vou atender telefonema pedindo para não vir".

Modus operandi igual......................................................

O vereador Ricardo Matias estreou na oposição batendo forte na atual administração, denunciando que o "modus operandi" do prefeito Carlos Alberto Souto Batista é o mesmo do prefeito Emerson Leal, frisando que são pagas obras que não são realizadas. Empolgado, chegou a lançar a idéia de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar irregularidades na gestão municipal, especialmente na área da Educação. Disse que iria sugerir ao presidente da Câmara, Marilho Matias, da situação, para convencer o governo local a mudar de rumo.

Um a mais "de olho".........................................................

Ricardo Matias foi mesmo com gosto de sangue na boca para a reunião do dia 13 de março, quando apenas ele e mais dois nobres colegas compareceram. Afirmou que vai intranquilizar as autoridades da Educação, acrescentando que seria mais um a "ficar de olho", na defesa do plano de carreira do magistério, aumento salarial e evitar que o professor efetivo ganhe menos que o contratado. Denunciou que, enquanto o contratado ganha mais de R$1.000,00 por mês, o efetivo ganha menos de R$400,00. Segundo ele, os contratados também são privilegiados na distribuição de bolsas para cursar universidade na FTC, embora estejam só temporariamente no serviço público.

Lição obscurantista............................................................

Na brilhante palestra que proferiu em Livramento, sobre "Políticas Públicas e Cidadania", a convite da Pastoral da Criança, ligada à Diocese local, o professor José Raimundo Fontes, prefeito de Vitória da Conquista, criticou duramente os meios de comunicação, acusando-os de publicar matérias fantasmas e de serem nocivos. Não satisfeito, disse que era preciso enfrentá-los, o que soou incoerente num encontro para se ensinar sobre o exercício da cidadania, em que um dos postulados básicos é a livre manifestação do pensamento. O ilustre prefeito certamente guarda algum inconformismo com a divulgação, pela imprensa, do parecer do Tribunal de Contas dos Municípios, rejeitando suas contas por irregularidades, referentes ao exercício de 2004.

Obras não realizadas........................................................

O vereador Paulo Lessa denunciou da tribuna da Câmara, dia 13 de março, que a Prefeitura de Livramento pagou, em dezembro de 2005, o valor de R$53 mil, relativos a gastos com reformas em várias escolas do município, mas que nenhuma das obras foi realizada. Citou que, inclusive, muitos dos prédios de escolas que tinham reforma programada foram fechados e os alunos remanejados, num processo batizado de "nucleação". Indagou como o erário vai ressarcir-se da quantia paga por contrato não cumprido.

Vereador louva miséria..................................................

O vereador Everaldo Gomes, na sessão de 20 de março, na Câmara, fez uma verdadeira louvação da miséria. Criticou o jornalista Raimundo Marinho e o "O Mandacaru" pela reportagem, veiculada em 10 de janeiro deste ano, denunciando o quadro de pobreza e de abandono em que se encontra a maioria das ruas do bairro Benito Gama, vizinho ao Taquari. Para o nobre vereador, que só leu a matéria 40 dias depois de publicada, aquilo tudo é normal, alegando que em qualquer cidade do mundo há favelas e pessoas vivendo na miséria. Também considera normal, faz parte da vida, não ter fogão para cozinhar, sanitário decente ou uma cama para dormir. A matéria alerta que o local foi abandonado pelas autoridades municipais, incluindo o dito vereador, estando a exigir uma ação urgente para melhorar as condições de moradia e de vida daquela população ( clique aqui para rever a matéria ).

Mensagens recebidas.......................................................

Cada vez mais pessoas descobrem "O Mandacaru", uma delas foi Istela Castro Meira, que afirma tê-lo achado no "Cadê" e se diz feliz por saber notícias da terrinha. Agradecemos a ela, pelo contato, e a todos que nos enviaram mensagens, destacando aspectos como o profissionalismo e a imparcialidade do jornal, assim como comentando matérias específicas. Dois textos chamaram a atenção dos visitantes do site , o que fala da passagem de Eduardo Prado por Livramento e o artigo "Vivendo feliz num pequeno país" ( clique aqui e veja as mensagens ).

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